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Motivo da briga, uso de tesoura e tiro fatal: veja, com exclusividade, o depoimento do advogado suspeito de matar namorada em Salvador

O relato do criminalista aos policiais civis do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) começa com ele relembrando a tarde do dia 16 de outubro, horas antes da morte.

Por Jean Mendes

Motivo da briga, uso de tesoura e tiro fatal: veja, com exclusividade, o depoimento do advogado suspeito de matar namorada em Salvador arquivo pessoal

O depoimento completo do advogado criminalista José Luiz de Brito Meira Júnior, suspeito de matar a namorada Kesia Stefany da Silva Ribeiro dentro de um apartamento no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, foi obtido com exclusividade pela reportagem do Aratu On. Na declaração, o homem detalha o motivo da briga - uso de drogas - e reforça a tese de tiro acidental. 


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O relato do criminalista aos policiais civis do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) começa com ele relembrando a tarde do dia 16 de outubro, horas antes da morte. Meira Júnior ressalta que estava com a mulher em uma festa, na Praia do Flamengo. À noite, relembrou, ambos foram para um bar no bairro de Brotas. No local, começou um desentendimento porque ele não aceitou que a vítima utilizasse drogas. 


Foi esse motivo que, ainda de acordo com o suspeito, provocou outra briga, já dentro do apartamento localizado no Edifício Terrazo. José Luiz contou que foi ferido por uma tesoura durante a confusão, que ele teria tomado. Em seguida, Kesia teria ficado em posse de uma faca. Nesse momento, o casal teria ficado ferido e, irritado, o advogado mandou a vítima sair de casa, mas ela voltou. 


No depoimento, José acrescentou que a fechadura do seu apartamento é eletrônica e, por isso, sua namorada entrou no imóvel, indo direto para o quarto, onde o cofre que guardava sua pistola - registrada - estava aberto. Kesia, argumentou o suspeito, pegou a arma, apontou para ele e tentou colocar cartuchos, mas sem sucesso. O advogado admitiu que disparou contra o rosto da jovem após uma confusão pela posse da pistola.


Depois do tiro, o advogado disse que tentou pedir ajuda na portaria, mas não conseguiu. Logo em seguida, colocou Kesia no seu veículo, modelo Ônix, e a deixou no Hospital Geral do Estado. 


O QUE ACONTECEU NO DIA? 


A reportagem do Aratu On apurou que o Centro Integrado de Comunicação das Polícias (Cicom) recebeu um chamado sobre a briga do casal, com gritos de mulher, às 3h44 do domingo, 17 de outubro. O solicitante informou que escutou disparos de arma de fogo vindos de um apartamento e que visualizou "rastros de sangue pelo corredor do condomínio", com "um homem arrastando uma mulher desacordada". 


Uma equipe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) entrou no apartamento do advogado horas depois da briga. De acordo com relato escrito na ocorrência pelo delegado que estava à frente da guarnição, havia muito sangue no imóvel, além de dois cartuchos de munições de pistola intactos e um estojo de munição 9 milímetros disparado. 


Após deixar a vítima no HGE, José foi para a casa da irmã. O automóvel utilizado por ele, modelo Ônix, foi encontrado por uma viatura da Polícia Militar ainda na manhã do domingo, no bairro da Pituba. O advogado de defesa dele, Domingos Arjones, argumentou que o cliente foi ao local vestir uma roupa adequada para se apresentar à Polícia Civil, já que estaria sem camisa por conta da pressa do socorro. 


PROCESSO 


José foi transferido para o Batalhão de Choque da Polícia Militar nesta quinta-feira (21/10), após decisão do Tribunal de Justiça da Bahia. O juiz Paulo Sérgio Barbosa de Oliveira considerou que, na sede do Batalhão, existe a disponibilidade do acolhimento prisional compatível para o acautelamento do suspeito, preso em flagrante. 


A defesa de José Luiz havia solicitado conversão da custódia preventiva em prisão domiciliar, alegando a incapacidade do sistema prisional para oferecer o recolhimento do cliente em sala de Estado Maior, como prevê a lei, conforme o Estatuto da Advocacia, legislação reconhecida como constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).


O judiciário, porém, entendeu que o Batalhão de Choque tem a condição necessária para acolher o suspeito e oficiou a determinação, comunicando o comandante da unidade policial para o cumprimento da decisão.


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