Quase um ano depois, advogado denunciado por matar ex namorada no Rio Vermelho vai a júri popular
Na última semana, a Justiça suspendeu a prisão de José Luiz de Brito Meira Júnior. Ele estava preso preventivamente em uma sala especial no Batalhão de Choque da Polícia Militar.
O advogado José Luiz de Brito Meira Júnior, suspeito de matar a namorada, Kezia Ribeiro, de 21 anos, no Rio Vermelho, em outubro do ano passado, vai a júri popular. A informação foi divulgada pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), nesta quarta-feira (21/9), após acatar a denúncia do Ministério Público estadual (MP-BA).
Na última semana, a Justiça suspendeu a prisão de José Luiz de Brito Meira Júnior. Ele estava preso preventivamente em uma sala especial no Batalhão de Choque da Polícia Militar.
Ainda não há data para o julgamento. A decisão foi determinada no dia 13 de setembro e cabe recurso.
CRIME
O crime aconteceu no último dia 17 de outubro de 2021, na residência do advogado, no bairro do Rio Vermelho. Segundo o documento, o laudo de exame cadavérico atesta que a morte foi causada por um tiro de arma de fogo que acertou a boca da vítima. Ainda conforme a denúncia, os peritos não detectaram "resíduos de disparo de arma de fogo nas mãos direita e esquerda da vítima", o que, destacou o promotor, contraria a versão do advogado de que Kézia Ribeiro estaria em posse da pistola semiautomática no momento do disparo.
O promotor de Justiça Ariomar Figueiredo apontou, ano passado, que o crime foi cometido contra uma mulher “por razão da condição de sexo feminino, em situação de violência doméstica e familiar”. Segundo o MP, atos violentos já haviam sido cometidos por José Meira Júnior contra a namorada, o que teria despertado o desejo dela, após conselhos familiares, de romper o relacionamento.
No dia do crime, apontam as investigações, os dois teriam brigado por conta de “desentendimento acerca do uso recreativo de entorpecente”, o que teria levado o advogado a disparar, configurando, diz a denúncia, o motivo fútil.
DEPOIMENTO
Dias após o crime, a reportagem do Aratu On obteve o teor do depoimento do advogado. Meira Júnior ressalta que estava com a mulher em uma festa, na Praia do Flamengo. À noite, relembrou, ambos foram para um bar no bairro de Brotas. No local, começou um desentendimento porque ele não aceitou que a vítima utilizasse drogas.
No depoimento, José acrescentou que a fechadura do seu apartamento é eletrônica e, por isso, sua namorada entrou no imóvel, indo direto para o quarto, onde o cofre que guardava sua pistola - registrada - estava aberto. Kesia, argumentou o suspeito, pegou a arma, apontou para ele e tentou colocar cartuchos, mas sem sucesso. O advogado admitiu que disparou contra o rosto da jovem após uma confusão pela posse da pistola.
Depois do tiro, o advogado disse que tentou pedir ajuda na portaria, mas não conseguiu. Logo em seguida, colocou Kesia no seu veículo, modelo Ônix, e a deixou no Hospital Geral do Estado.
O QUE ACONTECEU NO DIA?
A reportagem do Aratu On apurou que o Centro Integrado de Comunicação das Polícias (Cicom) recebeu um chamado sobre a briga do casal, com gritos de mulher, às 3h44 do domingo, 17 de outubro. O solicitante informou que escutou disparos de arma de fogo vindos de um apartamento e que visualizou "rastros de sangue pelo corredor do condomínio", com "um homem arrastando uma mulher desacordada".
Uma equipe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) entrou no apartamento do advogado horas depois da briga. De acordo com relato escrito na ocorrência pelo delegado que estava à frente da guarnição, havia muito sangue no imóvel, além de dois cartuchos de munições de pistola intactos e um estojo de munição 9 milímetros disparado.
Após deixar a vítima no HGE, José foi para a casa da irmã. O automóvel utilizado por ele, modelo Ônix, foi encontrado por uma viatura da Polícia Militar ainda na manhã do domingo, no bairro da Pituba. O advogado de defesa dele, Domingos Arjones, argumentou que o cliente foi ao local vestir uma roupa adequada para se apresentar à Polícia Civil, já que estaria sem camisa por conta da pressa do socorro.
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