Salão de beleza nega intolerância religiosa e acusa Ialorixá: 'O crime de racismo partiu dela'
Na tarde de sábado (25), um grupo de pessoas participou de um protesto no shopping com a ialorixá. Os manifestantes foram ao local vestidos de branco e tocando atabaques
A Ialorixá Mãe Iara D’Oxum, de 57 anos, que lidera um terreiro de candomblé em Cajazeiras, foi vítima de intolerância religiosa em um salão de beleza que fica dentro de um shopping no bairro de São Cristóvão, em Salvador.
Segundo a líder religiosa, uma manicure que trabalha no estabelecimento se recusou a atendê-la devido às vestes que a mãe de santo estava usando. Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, Mãe Iara fala sobre o episódio: "Todo mundo me olhando como se eu tivesse roubado, matado. Foi horrível. Uma sensação de impotência".
No mesmo vídeo, Mãe Iara D’Oxum diz que a manicure chegou a dizer, se referindo a ela: "Eu não faço a unha disso aí".
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Após o ocorrido, a segurança do shopping e a Polícia Militar foram acionadas.
Em nota, a Polícia Civil informou que o boletim de ocorrência foi registrado como racismo na 12ª Delegacia Territorial (DT/Itapuã), e que, neste sábado (25/5), a suspeita esteve na unidade policial acompanhada de um advogado, onde, em depoimento, negou o ocorrido.
À Polícia Civil, a suspeita disse que, por causa da acusação, está sendo perseguida e ofendida por pessoas na rua.
Na tarde de sábado (25), um grupo de pessoas participou de um protesto no shopping com a ialorixá. Os manifestantes foram ao local vestidos de branco e tocando atabaques.
O QUE DIZ O SALÃO DE BELEZA
Ao repórter Ramon Lisbôa, da TV Aratu, o advogado do salão de beleza, Marcelo Sotero, alegou que não houve intolerância religiosa.
"Nunca houve discriminação por parte da manicure com a dona Iara. O que aconteceu foi: ela estava fazendo um procedimento no salão e saiu, e a manicure começou a atender a próxima cliente da fila. Depois, ela voltou, e se revoltou porque foi preterida. A vez era dela, mas, ela não estava no espaço físico do salão no momento em que a manicure chamou, e isso gerou toda a revolta".
Na sequência, ele emendou: "Na verdade, quem sofreu a discriminação foi a manicure, porque no momento da revolta, ela tratou a manicure de forma preconceituosa".
A proprietária do salão, que não teve o nome divulgado, disse que não estava presente no dia do ocorrido, mas disse que, segundo testemunhas, a líder religiosa havia ido ao espaço para passar por dois serviços: o de cabeleleiro e manicure.
"Ela simplesmente jogou a bolsa, chamou o cabeleleiro e disse: 'Vamos aqui fora fumar'. E largou a bolsa. As imagens de segurança são claras. Nisso, a recepcionista chamou, e o tempo de tolerância é de 5 a 10 minutos. No caso dela, esperamos 47 minutos. A manicure é uma profissional liberal, ela ganha conforme o atendimento dela". De acordo com a proprietária, devido a essa espera de 47 minutos, a profissional acabou perdendo duas clientes.
Ainda segundo a dona do salão de beleza, Mãe Iara D’Oxum chegou a proferir palavras racistas contra a manicure, que também seria "filha de santo": "Olhou para ela com olhar de desdém, e ainda dizia: 'Quem é você, sua negra encardida, para fazer meu pé e mão?'. O crime de racismo partiu dela".
A manicure também registrou boletim de ocorrência sobre o caso.
Veja a matéria completa sobre o assunto:
https://www.youtube.com/watch?v=RxEZi-6QSWY
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