Você sabe por que usamos branco no Ano Novo? Mãe de santo explica
O costume é bem brasileiro, mas com origem nas religiões de matriz africana, principalmente Candomblé e Umbanda.
Estamos tão acostumados a usar branco no Réveillon, no Brasil - principalmente em Salvador - que até estranhamos quando vemos pessoas abusando de cores mais fortes em filmes e séries estrangeiros, por exemplo. Mas você já se perguntou o porquê de darmos as boas-vindas ao Ano Novo com roupa branca?
As tradições, simpatias e superstições são bem comuns nesse período. Pulamos sete ondinhas, comemos lentilha, sopramos canela... e usamos roupa branca, nosso tópico de hoje.
Primeiro, a gente precisa entender que esse costume é bem brasileiro, mas com origem nas religiões de matriz africana, principalmente Candomblé e Umbanda. Uma das práticas candomblecistas é enviar pedidos - as famosas oferendas - à Iemanjá, a rainha do mar, e quem o faz sempre está de branco, conforme a tradição.
Aqui na Bahia a gente celebra Iemanjá no dia 2 de fevereiro, mas, no Rio de Janeiro, isso também é feito no Réveillon. Para entender mais sobre o tema, o Aratu On conversou com mãe de santo Amanda de Ósun, mais conhecida como Iyá Olaniyi Ifayola Ìyálórìsà, do terreiro Ilé Àse Ìyáàfin Odò, em Cajazeiras 11, Salvador.
De acordo com ela, o hábito de usar branco e fazer as oferendas começou a se expandir na década de 1970, quando os povos de santo saíram dos terreiros e passaram a ir para as praias, realizar seus rituais de fim de ano, algo que se estendia até fevereiro, com os presentes à Iemanjá. Quem estava "de fora", mesmo sendo de outra religião - ou de nenhuma -, foi entrando na onda, literalmente.
Nos dias atuais, muitos brasileiros continuam usando branco não por, necessariamente, estarem ligados a uma dessas religiões, mas por acreditarem que a cor simboliza paz, prosperidade e boas energias. Para quem é de axé, o significado vai além.
"Para nós de religião de matriz africana, o branco não representa só a prosperidade ou a pureza, mas sim um fechamento de ciclo - de de vida e morte, de renascimento e esperança -, onde tudo se renova", explicou Olaniyi. "Em tempos de intolerância, é importante trazer a nossa visão", concluiu.
Independentemente de como você escolha passar a virada do ano, o Aratu On te deseja um feliz 2023!
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