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Brasil e Uruguai se enfrentam em Salvador; conheça a história do clássico

Brasileiros e uruguaios dominaram o mundo em décadas diferentes, protagonizando clássicos com mais de um século de histórias

Por Edimário Duplat

Brasil e Uruguai se enfrentam em Salvador; conheça a história do clássico Vitor Silva / CBF

Adversários no cenário sul-americano, Brasil e Uruguai protagonizam uma das rivalidades mais tradicionais e intensas do futebol mundial. Conhecido como Clássico do Rio Negro, o embate entre as duas seleções campeãs do mundo retorna a Salvador depois de 19 anos e promete adicionar mais um capítulo importante na trajetória das duas equipes. O jogo acontece nesta terça-feira (19), às 21h45, na Arena Fonte Nova, e o Aratu On traz a história de mais de um século de confrontos entre os dois selecionados.



Primeiros clássicos e ascensão celeste


Uma das primeiras seleções nacionais a surgir depois das equipes britânicas, o Uruguai já tinha 14 anos de existência quando enfrentou o Brasil pela primeira vez, no ano de 1916. Na ocasião, a Seleção Brasileira tinha apenas dois anos de vida e disputava, ao lado dos rivais, a Copa América daquele ano, que foi realizada na Argentina. 


A partida foi vencida pelos uruguaios, por 2 a 1, e mostrava a hegemonia e experiência dos vizinhos em relação aos brasileiros, que iniciavam ali sua caminhada e não demoraram de igualar os confrontos. No mesmo ano, no Uruguai, o Brasil teve sua primeira vitória em um amistoso, com placar final em 1 a 0. Entretanto, a vantagem uruguaia cresceu nas partidas seguintes, com uma goleada de 4 a 0 na Copa América de 1917, e outro amistoso em solo estrangeiro que terminou em 3 a 1.


Em 1919, o primeiro triunfo de peso do Brasil sobre o Uruguai foi o jogo-desempate da Copa América daquele ano, que valeu o primeiro título brasileiro na competição. Este resultado acirrou a rivalidade entre os dois e ajudou a criar um conjunto de mitos sobre os triunfos de uma equipe sobre a outra, o que repercute até os dias de hoje. 


Nos anos 20, os uruguaios cresceram a nível mundial e conseguiram expressivos resultados, que os tornaram a maior equipe do mundo daquele período. Foram campeões olímpicos em 24 e 28 - torneio equivalente a uma competição mundial antes da Copa - além de sediar e faturar a primeira Copa do Mundo, em 1930. Neste período, o clássico se tornou desigual para 'Los Orientales', que se viram sem perder jogos para os brasileiros até 1931, na recém formada Copa Rio Branco, torneio que tinha os dois países como únicos participantes. 



Copa Rio Branco, Maracanazzo e o poder da “amarelinha”


Nos anos 30 e 40, os dois times intensificaram os embates e tiveram a Copa Rio Branco como grande nivelador de suas forças. Até 1950, foram três títulos celestes contra quatro brasileiros, com o Brasil vencendo o torneio do mesmo ano que sediaria a Copa do Mundo, que teve na final mais uma partida entre brasileiros e uruguaios.


Porém, o que parecia um sonho que se iniciaria sobre uma vitória sobre um dos seus grandes rivais, foi transformado em um dos maiores pesadelos do futebol e dos brasileiros. A derrota para a Celeste por 2 a 1, de virada, em um Maracanã abarrotado de pessoas, foi tão marcante e tão pesada para o Brasil que ostracizou seus ídolos e até mudou a cor de seu uniforme: saiu o branco e entrou a 'amarelinha'.


Em 2014, os uruguaios resgataram a história desta conquista, e todas suas consequências, com o documentário Maracaná:



Nos anos que se seguiram, a situação foi se invertendo para os dois lados. Mesmo que o Uruguai ainda reinasse na conquista da Copa América, o Brasil passou a protagonizar o cenário internacional e não demorou para chegar aos dois Mundiais (1958 e 1962). 


Isso fez com que o embate entre brasileiros e uruguaios, nas semifinais da Copa de 1970, não fosse apenas uma grande partida entre dois gigantes mundiais. Era o tira-teima para confirmar o favoritismo na luta por mais um título. O resultado foi um show da equipe canarinho que, mais tarde, venceria a também bicampeã Itália para ser a primeira tricampeã do mundo.



Crise uruguaia, Mundialito e jogos em Salvador


O tri-mundial refletiu uma mudança cada vez maior entre as duas seleções. Além do clássico ocorrido na Copa de 1970, os celestes já enfrentavam um jejum contra brasileiros desde 1965. E esta marca perdurou por toda a década seguinte, finalizando apenas na disputa do Mundialito, em 1981. 


Na ocasião, o Uruguai recebeu as maiores seleções do mundo em um torneio curto, que acabou em uma decisão contra os brasileiros e novo título dos Orientales. Anos mais tarde, em 1983, as duas equipes decidiram uma Copa América com final em dois jogos. Depois de vencer em casa por 2 a 0, o Uruguai foi novamente campeão em território brasileiro após o empate em 1 a 1 na antiga Fonte Nova.



Da Copa América aos dias atuais


Um ano depois, brasileiros e uruguaios voltaram a disputar um título da Copa América, com empate no tempo normal e vitória celeste em disputa de penalidades. No mesmo ano, os dois times voltaram a se enfrentar na Fonte Nova, com Ronaldo fazendo história em amistoso realizado no Octávio Mangabeira. 



Desde então, as duas equipes voltaram a se enfrentar 17 vezes, com incríveis oito vitórias brasileiras e apenas dois triunfos charruás. Dentre os jogos mais marcantes deste período estão as semifinais da Copa das Confederações de 2013, vencido pelo Brasil por 2 a 1. Já em 2023, os uruguaios quebraram uma sequência de 12 jogos sem vencer ao derrotar a Seleção por 2 a 0 em Montevidéu. Em julho deste ano, outro resultado muito comemorado na Copa América, com os celestes superando o Brasil nos pênaltis após empate sem gols. 


Ao todo são 80 jogos, com 38 vitórias brasileiras, 21 empates e 21 triunfos uruguaios, com 142 gols para a amarelinha e 100 gols marcados para a celeste.


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