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Câncer de intestino já é o terceiro com mais casos no Brasil; dieta rica em carne e pobre em fibras influencia

Para entender mais sobre a doença, seus fatores, sintomas e tratamentos, o Aratu On conversou com o oncologista Eduardo Moraes, do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB).

Por Juana Castro

Câncer de intestino já é o terceiro com mais casos no Brasil; dieta rica em carne e pobre em fibras influenciaIlustrativa/Pixabay

Em poucos meses, o câncer de intestino, ou colorretal, virou um assunto “popular”. Afinal, é normal a curiosidade para saber sobre a doença que afeta Simony, Preta Gil, e vitimou, infelizmente, Pelé e Roberto Dinamite, ídolos do futebol. Mas o que muita gente não sabe é que esse já é o terceiro câncer em prevalência no Brasil, atrás apenas dos de mama e próstata, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), que também estima o surgimento de 44 mil novos casos por ano, no país, com 70% concentrados nas regiões Sul e Sudeste.


Para entender mais sobre a doença, seus fatores, sintomas e tratamentos, o Aratu On conversou com o oncologista Eduardo Moraes, do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB). Ele ressalta que apesar de não haver uma causa específica, o histórico familiar e hábitos de vida podem estar por trás da doença, que tem aparecido em pessoas cada vez mais jovens.


"A gente vê uma mudança na dieta das pessoas, de forma geral. Está mais ocidentalizada, com ingestão de muita carne vermelha, muita gordura, industrializados e poucas frutas e fibras. Isso aumenta as chances de câncer", afirma o médico.


Por isso, Moraes destaca três pilares importantes na detecção precoce da doença: a "prevenção primária", que engloba uma melhor alimentação e a prática de atividade física; acesso à informação e o rastreamento, com exames. 


"Todo mundo conhece o 'Outubro Rosa', o 'Novembro Azul', mas poucos parecem se lembrar do mês de rastreamento do câncer de intestino, que é o 'Março Verde', então você vê que há pouca divulgação, porque não era considerado um câncer comum, até então", avalia o oncologista.


SINTOMAS E RASTREAMENTO


Alguns sintomas servem de alerta, como dores abdominais, obstrução intestinal, náuseas, vômitos e perda de peso repentina. Quando já existe dor, em geral, já é um câncer mais avançado. "Como no Brasil não há campanhas grandes de rastreamento e prevenção ao câncer de intestino, infelizmente, mais da metade dos pacientes diagnosticados têm câncer avançado", pontua, reforçando que, com diagnósticos precoces, as chances de cura superam 90%.


De acordo com Dr. Eduardo Moraes, o melhor é detectar antes de qualquer sintoma, e isso é feito com o rastreamento da doença. O exame de rastreamento inicial mais comum é o de fezes (sim, aquele do potinho, que você leva para o laboratório). Se notada a presença de sangue oculto no material, é preciso ficar atento. 


"O sangue pode vir por vários motivos (como hemorroida ou fissura), mas é um teste bom, simples e barato e, apesar de não ser específico, é uma boa técnica de rastreamento populacional", frisa o oncologista. 


Há outro exame considerado melhor, todavia mais caro e invasivo: a colonoscopia. Trata-se da introdoução, pelo ânus, de um aparelho com câmera na ponta para analisar toda a parte interna do intestino. 


A colonoscopia - disponível na rede pública de saúde - deve ser feita a partir dos 50 anos, independentemente de histórico ou sintomas. Pacientes de alto risco (com doença intestinal inflamatória ou precedentes de câncer de intestino na família) devem ser submetidos ao procedimento mais precocemente.


Após a colonoscopia inicial, uma nova só precisa ser feita em cinco a dez anos, a depender do resultado, como quando há presença de pólipos (pequenas verrugas intestinais que podem crescer e virar um câncer).


TRATAMENTO


Dr. Eduardo também explicou que o tratamento do câncer de intestinocolorretal, na maioria das vezes, começa com cirurgia, principalmente se estiver avançado. Hoje, porém, os cuidados são multimodais, ou seja, com diferentes intervenções: "Geralmente envolve uma cirurgia e, a depender da extensão da doença, pode envolver quimioterapia. Nos tumores mais baixos, no reto (na parte final do intestino), a gente também acrescenta radioterapia".


Por fim, o oncologista reitera a importância da prevenção, com hábitos saudáveis, do rastreamento, principalmente se houver casos na família, e da informação. "Para algumas pessoas, o câncer está associado à obesidade; para outras, à pouca ingestão de fibras e consumo exagerado de carne vermelha (mais que duas ou três vezes por semana) e embutidos (como salame e salsicha). Mas, em grande parte dos casos, a doença é esporádica. Pode acometer qualquer um. Por isso a importância do rastreamento", pondera. "E informação é fundamental", conclui.


Dr. Eduardo Moraes

Dr. Eduardo Moraes, oncologista clínico | CRM 11.145 / BA


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