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‘É a galera do Tadala!’: Aratu On Explica o porquê de o Tadalafila ter se tornado mais popular do que o Viagra

Uso indiscriminado do Tadalafila e do Viagra, sem prescrição médica, traz efeitos colaterais e consequências grave aos usuários, como disfunção erétil e dependência psicológica ao medicamento

Por Bruna Castelo Branco

‘É a galera do Tadala!’: Aratu On Explica o porquê de o Tadalafila ter se tornado mais popular do que o ViagraIlustrativa/Pexels

Em abril deste ano, a La Fúria lançou o hit "Consumidor de Tadalafila", que diz assim: "É a galera do Tadala! Chegou o consumidor de Tadalafila, conhecido na favela como o rei das meninas, geral comentando que ele é rei do amor". Na mesma época, Oh Polêmico apresentou a música "Bota o Capacete que Lá Vem Tadala", e em junho, O Metrô lançou "No Pique do Tadala".


Se você não curte o pagodão baiano e nunca ouviu essas letras na vida, mas gosta de futebol, não tema: se você for ao Barradão nos próximos dias, vai dar de cara com uma caixa de papelão gigante de Tadalafila do lado de dentro e de fora do estádio. E se você também não é muito ligado ao esporte, mas costuma acessar a internet, é provável que ainda passe por alguma publicação sobre o medicamento nas redes sociais.


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Em outubro de 2022, o Tadalafila passou a ser mais buscado no Google do que o irmão até então mais famoso, o Viagra. Nos últimos cinco anos, na Bahia, o termo foi pesquisado por 68% dos usuários, enquanto que “Viagra” ficou com 32% de buscas. No Brasil inteiro, aliás, o “azulzinho” só ganha no Rio Grande do Sul, onde está quase empatado com o “Tadala”: o Viagra é 51% mais pesquisado do que o outro, que aparece no Google Analytics com 49% de buscas.


Mas o que, afinal, é o “Tadala”? É a mesma coisa que Viagra? Faz mal? Todo mundo pode usar? O Aratu On explica para você!


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O médico João Estrela, urologista do Itaigara Memorial, explica que, há, sim, diferenças entre o Viagra e o Tadalafila, medicamentos indicados para o tratamento de disfunção erétil. "O Viagra geralmente começa a fazer efeito mais rapidamente, cerca de 30 minutos após a ingestão, e sua duração de ação é de aproximadamente quatro horas. O Tadalafila leva um pouco mais de tempo para começar a fazer efeito, cerca de uma a duas horas, mas sua ação pode durar até 36 horas. Isso significa que o Tadalafila permite maior flexibilidade em relação ao momento da atividade sexual". Por ter um efeito mais prolongado, o Tadalafila recebeu o apelido de “a pílula do fim de semana”.


Mas, assim como funciona com qualquer outro remédio, não se deve tomar o “Tadala” no oba-oba, com a única intenção de se tornar o "rei do amor", como canta Bruno Magnata, da La Fúria. Ou seja: só pode usar o medicamento quem for ao médico com uma disfunção erétil real.



Tanto o Viagra quanto o Tadalafila são medicamentos que podem ser prescritos a homens adultos de várias idades, desde que haja uma necessidade médica legítima. Esses medicamentos não são destinados ao uso recreativo ou por pessoas sem problemas de ereção, e o uso sem prescrição médica pode ser perigoso. Esses medicamentos têm efeitos colaterais, interações com outros remédios, e podem não ser seguros para todos. O uso recreativo aumenta a probabilidade de experimentar esses efeitos”, alerta o urologista.


E os efeitos colaterais do mau uso, como descreve o médico, são muitos, como: dores de cabeça, dores nas costas, rubor facial, congestão nasal, dor muscular e distúrbios digestivos. O uso do remédio como pré-treino, que tem ganhado alguns adeptos nas redes sociais nos últimos meses, também é extremamente contraindicado.


“O uso inadequado de Tadalafila para melhorar o desempenho na academia não tem respaldo científico. É fundamental que as pessoas evitem usar medicamentos sem orientação médica e sigam um estilo de vida saudável, incluindo dieta equilibrada e exercícios físicos apropriados, para melhorar o condicionamento físico”, ressalta João Estrela.


E ainda há outras contraindicações, como: uso simultâneo de nitratos, como nitroglicerina, comuns em medicamentos para doenças cardíacas, problemas graves de coração, fígado ou rim, histórico de derrame ou ataque cardíaco recente, pressão arterial muito alta ou muito baixa não controlada e alergia conhecida aos ingredientes ativos dos medicamentos.


A QUEDA DO VIAGRA


Geralmente, os usuários mais frequentes de remédios que tratam a disfunção erétil, como comenta o urologista, são homens a partir dos 50 ou 60 anos, com comorbidades como pressão alta e diabetes. “Porém, nos últimos anos temos visto cada vez mais jovens que chegam ao consultório com demanda para medicação. Em geral, esses últimos não precisam da medicação, mas sim de um acompanhamento para tratar causas psicogênicas de disfunção erétil ou ejaculação precoce”, aponta ele.


Para a sexóloga Mayara Magalhães, esse interesse crescente dos mais jovens no Tadalafila pode estar relacionado à divulgação do medicamento por influenciadores digitais nas redes sociais. E é aí que está o perigo: a maior parte dos influencers que fala sobre o remédio, não entende do assunto, e toda essa desinformação já está chegando nas crianças.


“O medicamento, que já tem até letra de música, está se tornando cada vez mais popular nas rodas de conversas masculinas pela crença de que a vida sexual pode melhorar de forma fácil e rápida. Há pouco tempo, em uma palestra de educação sexual em uma turma de 11 a 13 anos, fui surpreendida com a pergunta de um aluno: ‘Você vai falar sobre o Tadala?’. Esse comportamento é preocupante, e atinge meninos cada vez mais novos”, declara a psicóloga.


CONSEQUÊNCIAS

Outro fator que contribui para esse interesse repentino e consequente mau uso do medicamento é o tabu que envolve tudo o que está relacionado a sexo, a falta de educação sexual nas escolas e a cobrança de virilidade e performance masculina. “O que muitos desses jovens não sabem é que o uso recreativo pode trazer inúmeras consequências a curto e longo prazo, como dependência psicológica dos comprimidos e disfunção erétil”, diz Mayara.


O fato de o remédio ser facilmente comprado nas farmácias, sem a necessidade de receita médica, também permite que muitos comprem sem a real necessidade, só para saber como é ou para impressionar a parceira ou o parceiro. A sexóloga enumera: “Curiosidade, aumentar a ‘potência’, melhorar o desempenho sexual, impressionar a parceria, são algumas das motivações que tentam camuflar a insegurança dos jovens que temem perder a ereção ou ejacular rápido demais em uma relação. Infelizmente, a nossa sociedade ainda ensina, de forma direta e indireta, que a virilidade está atrelada à rigidez do pênis”.


E a profissional alerta: antes de precisar recorrer a qualquer tipo de medicamento, seja Viagra, seja Tadalafila, é importante correr atrás de tratar a causa do problema de ereção que, quase sempre, como indica Mayara, é psicológica.


“A ansiedade de desempenho é o maior gatilho. A terapia sexual é o tratamento indicado para esses casos, que correspondem a cerca de 70%. É essa cobrança por performance que faz com que uma perda de ereção, que é algo natural, se torne um grande problema. Precisamos repensar a forma como educamos nossos meninos. A falta de educação sexual ainda faz com que muitos homens usem a pornografia como referência, reforçando tabus e intensificando o temor de desempenho”.


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