Copa 2023: Panamá cresce no futebol feminino e quer ser o azarão em grupo com Brasil e França
Las Canaleras tem sua própria Marta e vem de crescente evolução no futebol internacional
Divulgação/Concacaf
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
Para chegar a Copa do Mundo pela primeira vez em sua história, o Panamá passou por um processo de transformação tanto fora como dentro de campo. Com uma política de equiparação de salários e melhores condições de treino as suas atletas, o treinador Ignacio Quintana remodelou completamente o universo do futebol feminino local e teve seu retorno com exibições históricas na repescagem internacional ao derrotar Papua Nova Guiné e um experiente Paraguai. Agora, Las Canaleras (Garotas do Canal, uma alusão ao Canal do Panamá) esperam surpreender seus adversários no Mundial e chegar ao menos na segunda fase da competição.
Origem antiga e luta por visibilidade regional
O futebol feminino do Panamá tem relatos antigos de sua prática e da existência de torneios locais. Desde o final dos anos 30, a modalidade já era disputadas colégios exclusivo para garotas na chamada Liga Católica. Décadas depois, já em meados dos anos 70, foi fundada uma Liga Feminina do Panamá com outros tantos torneios surgindo no país posteriormente. Em 1996 foi fundada a Liga Superior de Futebo Feminino (LSFF), que se tornou a Liga Feminina de Futebol e existiu até o ano de 2002.
Ainda em 2002, a seleção local fez seu primeiro jogo internacional e já com vitória de 2 a 1 sobre a Guatemala na seletiva da América Central para o Campeonato da Concacaf. Com boa atuação, as panamenhas ficaram com a segunda vaga no torneio e conseguiram a chance de competir no torneio continental. Lá, venceram Trinidad e Tobago por 4 a 2 na primeira rodada, mas acabaram goleadas por México (5 a 1) e Estados Unidos (9 a 0), amargando a terceira posição na chave.
A experiência em gramados internacionais fez com que a ideia do futebol feminino sofresse uma revolução interna. Dentro disso, em 2003, surgiu a Associação Nacional de Futebol Feminino (ANAFUFE) que recebia reconhecimento da Federação Panamenha de Futebol (FEPAFUT) para organizar e gerir as competições locais.
Dentro deste caminho, o selecionado local voltou a participar de mais um torneio da Concacaf em 2006. Na ocasião, Las Canaleras conseguiram mais uma vez a classificação para a fase final do torneio em uma seletiva que englobava a América Central e o México. E após conseguirem vencer no seu grupo - superando Guatemala, Costa Rica e Honduras - as panamenhas estavam a um jogo de chegar às semifinais mas acabaram derrotadas pela Jamaica e deram adeus a luta por uma vaga na Copa do Mundo.
Após essa participação, o país ficou ausente das competições de 2010 e não conseguiu classificação para o Campeonato da Concacaf de 2014, sendo desclassificado ainda na eliminatória regional. Este histórico coincide com o fim da ANAFUFE e um hiato que termina apenas em 2017 com a criação de uma nova Liga Feminina pela FEPAFUT.
Em 2018, as panamenhas retornam ao torneio continental depois de um vice-campeonato centro-americano e fazem uma boa fase de grupos superando México e Trinidad e Tobago, mas ficando atrás dos Estados Unidos com uma goleada de 5 a 1. Classificada às semifinais, nova goleada sofrida contra o Canadá por 7 a 0. Entretanto, a chegada ao mata-mata valeu uma vaga ao Pan-Americano de Lima 2019 e a disputa do terceiro lugar da Concacaf, que daria ao vencedor uma vaga direta e ao perdedor mais uma chance na repescagem. A derrota para a Jamaica levou o time para um confronto com a Argentina, que acabou em nova goleada adversária no primeiro jogo e um empate no segundo.
Novo treinador e classificação ao Mundial
O sonho de chegar a Copa do Mundo nunca esteve tão perto, mas ainda parecia um objetivo difícil de se concretizar. Em 2021, a Federação Panamenha trouxe o treinador Ignacio Quintana, que mostrou ao país uma visão mais profissional e igualitária em relação ao futebol feminino e o masculino.
"O nosso trabalho não é apenas sobre futebol, mas sobre melhorar o país também. Nosso trabalho aqui é sobre melhorar as coisas para a próxima geração. Cada uma de nossas jogadores é hoje uma embaixadora: elas são o que uma mulher de sucesso quer ser. Ao mesmo tempo, elas também sabem que a gente não vai se contentar em ir para apenas um Mundial. Nós temos que mostrar que o Panamá chegou e ninguém mais tirará nosso lugar na competição", afirmou o técnico em entrevista ao site da FIFA.
Com a influência de Quintana, o Panamá equiparou as premiações e o salário entre as seleções masculina e feminina. Além disso, o técnico de origem mexicana trouxe um projeto de crescimento do futebol local que rendeu a própria Liga Panamenha de Futebol (entidade independente que gere o campeonato dos homens) gerir a modalidade. Em 2022, a Liga Feminina foi ampliada para 16 equipes e o treinador pôde trabalhar com um maior número de opções para o novo ciclo.
Sem dificuldades nas eliminatórias continentais, que agora englobam Caribe e América Central, o Panamá chegou ao Campeonato da Concacaf de 2022 para enfrentar um grupo difícil contra Canadá, Costa Rica e Trinidad e Tobago. Na primeira partida, uma derrota de 3 a 0 para as costa-riquenses demonstrava que o caminho não seria diferente de edições anteriores.
Entretanto, um tropeço sobre as canadenses por apenas 1 a 0 deu esperança para a última partida, que valeria uma vaga à repescagem mundial. No confronto, o triunfo sobre Trinidad deu o resultado necessário para um novo desafio global.
Em seu primeiro jogo pela seletiva, o resultado de 2 a 0 sobre Papua Nova Guiné foi muito comemorado como primeiro passo a se dar. Na segunda e decisiva partida, contra um Paraguai semifinalista da Copa América, o trauma de cair para um sul-americano parecia se repetir. Entretanto, com único gol marcado por Lineth Cendeño, o Panamá finalmente chegou à glória da Copa do Mundo.
https://twitter.com/fepafut/status/1644126734466392066
Panamá na Copa do Mundo 2023
Por conta da repescagem acontecer após os sorteios da chave, o Panamá já sabia que adversários enfrentaria no Mundial. E dentre eles, o Brasil é o mais esperado do selecionado centro-americano.
"É um sonho que eu compartilho com minhas jogadoras. A Marta [Cox] quer atuar contra a Marta. É um sonho dela e também algo que serve para nos motivar, estar sempre na nossa mente que nosso primeiro jogo será contra um dos maiores times do mundo e que temos de estar à altura desse desafio", afirma Ignacio Quintana.
As brasileiras serão as primeiras adversárias das panamenhas, com jogo marcado para o dia 24/7 em Adelaide, no Hindmarsh Stadium. Já no dia 29, o confronto acontece contra a Jamaica no Estádio Oval de Perth. E o encerramento da fase será no dia 2/8 no Sidney Football Stadium.
O grande destaque da equipe é a meio-campista Martha Cox, camisa número 10 das Canaleras. Com extensa participação em ligas nos Estados Unidos, México e Costa Rica, Cox é o motor de uma seleção jovem e cheia de promessas. Ao lado dela, atletas como a capitã Natalia Mills, a zagueira Yomira Pinzón e a atacante Lineth Cedeño também brilham defendendo a bandeira do Panamá.
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no www.aratuon.com.br/aovivo. Siga a gente no Insta, Facebook e Twitter. Quer mandar uma denúncia ou sugestão de pauta, mande WhatsApp para (71) 99940 – 7440. Nos insira nos seus grupos!
Para chegar a Copa do Mundo pela primeira vez em sua história, o Panamá passou por um processo de transformação tanto fora como dentro de campo. Com uma política de equiparação de salários e melhores condições de treino as suas atletas, o treinador Ignacio Quintana remodelou completamente o universo do futebol feminino local e teve seu retorno com exibições históricas na repescagem internacional ao derrotar Papua Nova Guiné e um experiente Paraguai. Agora, Las Canaleras (Garotas do Canal, uma alusão ao Canal do Panamá) esperam surpreender seus adversários no Mundial e chegar ao menos na segunda fase da competição.
Origem antiga e luta por visibilidade regional
O futebol feminino do Panamá tem relatos antigos de sua prática e da existência de torneios locais. Desde o final dos anos 30, a modalidade já era disputadas colégios exclusivo para garotas na chamada Liga Católica. Décadas depois, já em meados dos anos 70, foi fundada uma Liga Feminina do Panamá com outros tantos torneios surgindo no país posteriormente. Em 1996 foi fundada a Liga Superior de Futebo Feminino (LSFF), que se tornou a Liga Feminina de Futebol e existiu até o ano de 2002.
Ainda em 2002, a seleção local fez seu primeiro jogo internacional e já com vitória de 2 a 1 sobre a Guatemala na seletiva da América Central para o Campeonato da Concacaf. Com boa atuação, as panamenhas ficaram com a segunda vaga no torneio e conseguiram a chance de competir no torneio continental. Lá, venceram Trinidad e Tobago por 4 a 2 na primeira rodada, mas acabaram goleadas por México (5 a 1) e Estados Unidos (9 a 0), amargando a terceira posição na chave.
A experiência em gramados internacionais fez com que a ideia do futebol feminino sofresse uma revolução interna. Dentro disso, em 2003, surgiu a Associação Nacional de Futebol Feminino (ANAFUFE) que recebia reconhecimento da Federação Panamenha de Futebol (FEPAFUT) para organizar e gerir as competições locais.
Dentro deste caminho, o selecionado local voltou a participar de mais um torneio da Concacaf em 2006. Na ocasião, Las Canaleras conseguiram mais uma vez a classificação para a fase final do torneio em uma seletiva que englobava a América Central e o México. E após conseguirem vencer no seu grupo - superando Guatemala, Costa Rica e Honduras - as panamenhas estavam a um jogo de chegar às semifinais mas acabaram derrotadas pela Jamaica e deram adeus a luta por uma vaga na Copa do Mundo.
Após essa participação, o país ficou ausente das competições de 2010 e não conseguiu classificação para o Campeonato da Concacaf de 2014, sendo desclassificado ainda na eliminatória regional. Este histórico coincide com o fim da ANAFUFE e um hiato que termina apenas em 2017 com a criação de uma nova Liga Feminina pela FEPAFUT.
Em 2018, as panamenhas retornam ao torneio continental depois de um vice-campeonato centro-americano e fazem uma boa fase de grupos superando México e Trinidad e Tobago, mas ficando atrás dos Estados Unidos com uma goleada de 5 a 1. Classificada às semifinais, nova goleada sofrida contra o Canadá por 7 a 0. Entretanto, a chegada ao mata-mata valeu uma vaga ao Pan-Americano de Lima 2019 e a disputa do terceiro lugar da Concacaf, que daria ao vencedor uma vaga direta e ao perdedor mais uma chance na repescagem. A derrota para a Jamaica levou o time para um confronto com a Argentina, que acabou em nova goleada adversária no primeiro jogo e um empate no segundo.
Novo treinador e classificação ao Mundial
O sonho de chegar a Copa do Mundo nunca esteve tão perto, mas ainda parecia um objetivo difícil de se concretizar. Em 2021, a Federação Panamenha trouxe o treinador Ignacio Quintana, que mostrou ao país uma visão mais profissional e igualitária em relação ao futebol feminino e o masculino.
"O nosso trabalho não é apenas sobre futebol, mas sobre melhorar o país também. Nosso trabalho aqui é sobre melhorar as coisas para a próxima geração. Cada uma de nossas jogadores é hoje uma embaixadora: elas são o que uma mulher de sucesso quer ser. Ao mesmo tempo, elas também sabem que a gente não vai se contentar em ir para apenas um Mundial. Nós temos que mostrar que o Panamá chegou e ninguém mais tirará nosso lugar na competição", afirmou o técnico em entrevista ao site da FIFA.
Com a influência de Quintana, o Panamá equiparou as premiações e o salário entre as seleções masculina e feminina. Além disso, o técnico de origem mexicana trouxe um projeto de crescimento do futebol local que rendeu a própria Liga Panamenha de Futebol (entidade independente que gere o campeonato dos homens) gerir a modalidade. Em 2022, a Liga Feminina foi ampliada para 16 equipes e o treinador pôde trabalhar com um maior número de opções para o novo ciclo.
Sem dificuldades nas eliminatórias continentais, que agora englobam Caribe e América Central, o Panamá chegou ao Campeonato da Concacaf de 2022 para enfrentar um grupo difícil contra Canadá, Costa Rica e Trinidad e Tobago. Na primeira partida, uma derrota de 3 a 0 para as costa-riquenses demonstrava que o caminho não seria diferente de edições anteriores.
Entretanto, um tropeço sobre as canadenses por apenas 1 a 0 deu esperança para a última partida, que valeria uma vaga à repescagem mundial. No confronto, o triunfo sobre Trinidad deu o resultado necessário para um novo desafio global.
Em seu primeiro jogo pela seletiva, o resultado de 2 a 0 sobre Papua Nova Guiné foi muito comemorado como primeiro passo a se dar. Na segunda e decisiva partida, contra um Paraguai semifinalista da Copa América, o trauma de cair para um sul-americano parecia se repetir. Entretanto, com único gol marcado por Lineth Cendeño, o Panamá finalmente chegou à glória da Copa do Mundo.
https://twitter.com/fepafut/status/1644126734466392066
Panamá na Copa do Mundo 2023
Por conta da repescagem acontecer após os sorteios da chave, o Panamá já sabia que adversários enfrentaria no Mundial. E dentre eles, o Brasil é o mais esperado do selecionado centro-americano.
"É um sonho que eu compartilho com minhas jogadoras. A Marta [Cox] quer atuar contra a Marta. É um sonho dela e também algo que serve para nos motivar, estar sempre na nossa mente que nosso primeiro jogo será contra um dos maiores times do mundo e que temos de estar à altura desse desafio", afirma Ignacio Quintana.
As brasileiras serão as primeiras adversárias das panamenhas, com jogo marcado para o dia 24/7 em Adelaide, no Hindmarsh Stadium. Já no dia 29, o confronto acontece contra a Jamaica no Estádio Oval de Perth. E o encerramento da fase será no dia 2/8 no Sidney Football Stadium.
O grande destaque da equipe é a meio-campista Martha Cox, camisa número 10 das Canaleras. Com extensa participação em ligas nos Estados Unidos, México e Costa Rica, Cox é o motor de uma seleção jovem e cheia de promessas. Ao lado dela, atletas como a capitã Natalia Mills, a zagueira Yomira Pinzón e a atacante Lineth Cedeño também brilham defendendo a bandeira do Panamá.
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