Fake news! Ambulâncias filmadas com adesivo do SUS não foram compradas pelo governo federal e sim pelo governo da Bahia

Um vídeo mostrando ambulâncias, vans e micro-ônibus no estacionamento da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), em Salvador, criou uma polêmica nas redes sociais na última semana. O cinegrafista diz que os veículos possuem a logomarca do Sistema Único de Saúde (SUS), o que seria prova de uma compra feita pelo governo federal, mas teriam sido plotadas posteriormente com o adesivo do governo do Estado como uma manobra de Rui Costa (PT) para levar os créditos da ação. Essa afirmação é falsa.

Todo o vídeo foi checado pelo Projeto Comprova, no qual o SBT News faz parte. Apesar de ter recebido mais de 9,4 mil interações no TikTok, as informações não são verdadeiras. Como se trata de uma informação não verdadeira, as imagens não serão reproduzidas nesta reportagem.

“As ambulâncias que aparecem no vídeo são adquiridas pela Secretaria da Saúde do Estado com recursos do tesouro estadual, recursos de emendas parlamentares destinadas por deputados federais baianos e também com recursos de emendas parlamentares de deputados estaduais”, informou a Sesab, em nota.

No caso dos recursos das emendas federais que saíram do Orçamento da União, a decisão de destinar esse dinheiro partiu dos deputados, não do governo federal, que não foi o responsável pela compra, como sugere o vídeo. Além das ambulâncias, há nas imagens de vans utilizadas para o transporte sanitário de pacientes que serão atendidos nas Policlínicas Regionais de Saúde. Assim como os micro-ônibus, elas seguem no estacionamento da pasta e serão destinadas aos municípios à medida que as policlínicas em construção forem entregues. Há atualmente 21 policlínicas em funcionamento e 3 em construção.

SUS

O SUS é tripartite, ou seja, envolve tanto a prefeitura quanto o governo do estado e o governo federal, seja no envio de recursos ou na utilização do termo. “Portanto, a logomarca do SUS pertence às esferas municipais, estaduais e Federal, podendo ou não envolver recursos federais, ou até recursos de mais de uma esfera de gestão”, diz nota do Ministério da Saúde ao Comprova.

Somente este ano, o governo do Estado entregou 126 ambulâncias a municípios baianos. Cada uma custou R$ 205 mil, totalizando um investimento de R$ 25,8 milhões. Foram 3 grandes remessas, sendo uma entrega de 28 ambulâncias em janeiro, outra de 31 em fevereiro e mais uma de 42 no último dia 7 de março, data em que o vídeo foi postado no no Facebook. 

ESCONDIDOS

No vídeo, o autor afirma que as ambulâncias foram escondidas pelo governo da Bahia para serem entregues em período eleitoral. Sem precisar um número exato, a Sesab informou que a maioria das ambulâncias que aparecem nas imagens já foi entregue. 

Além disso, elas não estão escondidas: nas imagens, ao fundo, é possível ver um prédio amarelo, a sede da Sesab, que fica na 4ª Avenida do Centro Administrativo da Bahia, em Salvador. O local é aberto e pode ser acessado por qualquer pessoa. Em nota, a Sesab informou que os veículos ficam no estacionamento “só o tempo necessário para que sejam feitos os trâmites de licenciamento/emplacamento junto ao órgão de trânsito”.

AUTOR

O autor do vídeo se identifica no final da gravação como Ernando Peixoto. Ele foi candidato em 6 eleições na Bahia, a maioria delas a vereador de Salvador, mas nunca se elegeu. Segundo o Poder 360, não é a 1ª vez que ele espalha desinformação nas redes sobre serviços de saúde: em 2020, a Agência Lupa mostrou que era falso outro vídeo em que Peixoto afirmava que ambulâncias enviadas pelo governo federal não tinham sido entregues aos municípios pelo governo baiano – as ambulâncias, na verdade, também não tinham sido compradas pelo governo federal.

Ele já foi processado pelo governo da Bahia porque teria sido o autor de um conteúdo falso que o presidente Jair Bolsonaro encaminhou, em abril de 2020, ao então ministro da Justiça Sergio Moro. No vídeo, gravado em frente ao Hospital Espanhol, em Salvador, ele fez uma vinculação entre o INTS (Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde ), que passou a administrar o hospital durante a pandemia, e o senador Otto Alencar (PSD)

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