Geral

Na Bahia, uma mulher é vítima de violência a cada dois dias; 66 feminicídios aconteceram em 2021, diz boletim

Quando são analisados os tipos de violência sofridas por essas vítimas, podemos ver que não há grande variação quando se trata de feminicídio: foi de 70 em 2020 para 66 casos em 2021.

Por Da Redação

Na Bahia, uma mulher é vítima de violência a cada dois dias; 66 feminicídios aconteceram em 2021, diz boletimilustrativa

Pelo segundo ano, a Rede de Observatórios revelou os dados da violência contra a mulher monitorados em cinco dos sete estados em que atua: Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. O novo boletim "Elas Vivem: dados da violência contra mulheres" aponta 1975 registros em 2021. Entre eles, 409 são feminicídios.


De acordo com o Observatório da Segurança, esses números mostram que um caso de violência contra a mulher é registrado a cada cinco horas e todos os dias uma pessoa morre apenas pelo fato de ser mulher nos estados.


Na Bahia, temos um caso de violência contra a mulher a cada dois dias. No entanto, houve uma queda de 31% nos registros da Rede. Porém, quando são analisados os tipos de violência sofridas por essas vítimas, a avaliação revelou que não há grande variação quando se trata de feminicídio: caiu de 70 em 2020 para 66 casos em 2021.


São Paulo apresentou um aumento de 27% de registros em relação ao ano passado e chegou a 929 eventos: 157 feminicídios, 501 agressões e tentativas de feminicídios e 97 estupros. Os dados gerados pelas pesquisas em relação ao número de feminicídios foram maiores que os números oficiais: dados do governo apontam 136 mortes. 


Atrás de São Paulo, aparece o Rio de Janeiro, que tem um caso de violência contra a mulher a cada 24h. São 375 eventos de feminicídio e violência contra a mulher com 456 tipos de violência (um único evento pode ter mais de um tipo de violência). O estado apresentou um crescimento de 18% nos registros em um ano. 


Pernambuco aparece na sequência, com 311 registros de crimes contra mulheres. É o estado do Nordeste com o maior número de casos e o segundo entre os cinco estados em feminicídios – com 91 registros, enquanto a Secretaria de Segurança, segundo o Observatório, aponta 86 mortes -.


Ainda de acordo com o estudo, o Ceará apresentou uma queda de 20% nos casos de violência contra a mulher, mesmo que um dos casos mais emblemáticos do último ano tenha acontecido por lá: a agressão sofrida por Pamela Holanda, praticada pelo ex-marido DJ Ivys. No estado, foram registrados 160 casos de violência contra a mulher.


O Observatório acrescenta ainda que quando a motivação dessas agressões e mortes são informadas, as três maiores causas apontadas são brigas (28%), término de relacionamentos (9%) e ciúmes (8%). Boa parte dos crimes contra mulheres divulgados nos jornais (85%) não traz a informação racial da vítima.


Mas, quando são desconsiderados os casos em que a cor da vítima não é informada, 50,7% das vítimas são negras, 48,6% brancas e 0,7% indígena. Algo nítido para as pesquisadoras da rede é que, quando se trata de mulheres brancas e de classes mais ricas, a cobertura jornalística tende a ser mais completa.


PRODUÇÃO DE DADOS


Os dados são produzidos de maneira independente a partir de um monitoramento do que circula nos meios de comunicação e nas redes sociais. Todos os dias, as pesquisadoras conferem dezenas de veículos de imprensa, coletam informações e alimentam um banco de dados que posteriormente é revisado e consolidado.


São dez categorias de crimes contra mulheres: tentativa de feminicídio e feminicídio são os maiores registros no banco. A produção cidadã de dados se faz cada dia mais importante para que não fiquemos atados exclusivamente aos dados oficiais  – que por vezes são divergentes dos da Rede – em tempos em que impera a falta de transparência.


TRANSFEMINICÍDIOS


O Ceará é o primeiro do ranking pelo segundo ano, com 11 mortes e registra a mais jovem vítima de transfobia no Brasil até hoje: Keron Ravach foi morta aos 13 anos ao cobrar uma dívida. Pernambuco é o segundo estado em transfeminicídios com 10  casos monitorados. No último ano, no período de menos de um mês, quatro mulheres trans negras foram atacadas e mortas. Uma delas, Roberta da Silva, teve 40% do corpo queimado.


“Usar o termo transfeminicídio é crucial, pois assim se reconhece que são mulheres expostas ao feminicídio e à transfobia – que passa a ser encarada como uma problemática social. A sociedade que não reconhece nossos corpos não vê como a violência nos afeta”, explica a pesquisadora Dália Celeste, do Observatório da Segurança de Pernambuco.


SOBRE A REDE DE OBSERVATÓRIOS


Após dois anos operando na produção cidadã de dados em cinco estados, a Rede de Observatórios, projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), com apoio da Fundação Ford, chegou ao Maranhão e ao Piauí no segundo semestre deste ano.


A Rede de Estudos Periféricos, da UFMA e IFMA, e o Núcleo de Pesquisas sobre Crianças, Adolescentes e Jovens, da UFPI se unem a Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas (INNPD); Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop); Laboratório de Estudos da Violência (LEV/UFC) e ao Núcleo de Estudos da Violência (NEV/USP). O objetivo é monitorar e difundir informações sobre segurança pública, violência e direitos humanos. 


LEIA MAIS: Cultura machista que esfaqueia 68 vezes, mata 242 mulheres e diz que "está maluca". O que está por trás da violência contra elas?


Acompanhe todas as notícias sobre o novo coronavírus.


Acompanhe nossas transmissões ao vivo e conteúdos exclusivos no www.aratuon.com.br/aovivo. Nos mande uma mensagem pelo WhatsApp: (71) 99986-0003.


Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Tópicos relacionados

Relacionadas

Aratu On

O Aratu On é uma plataforma focada na produção de notícias e conteúdos, que falam da Bahia e dos baianos para o Brasil e resto do mundo.

Política, segurança pública, educação, cidadania, reportagens especiais, interior, entretenimento e cultura.
Aqui, tudo vira notícia e a notícia é no tempo presente, com a credibilidade do Grupo Aratu.

Siga-nos

Nós utilizamos cookies para aprimorar e personalizar a sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando, você concorda em contribuir para os dados estatísticos de melhoria. Conheça nossa Política de Privacidade e consulte nossa Política de Cookies.