Interior

Após questionar método de abordagem de Guarda Municipal, professora é algemada e conduzida à delegacia, em Amargosa; neta de 5 anos presenciou cena

O caso está sendo acompanhado por dois advogados e a audiência está marcada para a próxima segunda-feira (21/6).

Por Da Redação

Após questionar método de abordagem de Guarda Municipal, professora é algemada e conduzida à delegacia, em Amargosa; neta de 5 anos presenciou cenaarquivo pessoal/Facebook

Uma professora, de 52 anos, diz ter sido vítima de "abuso de poder e violência policial", enquanto acompanhava o marido no Hospital Municipal de Amargosa, a 241 km de Salvador.


O caso foi registrado na última quinta-feira (10/6). Na ocasião, Maria Nilda, que estava com uma neta de 5 anos, buscava atendimento médico para o esposo, identificado como João Joventino, que sofria de graves problemas renais.


Em entrevista ao Aratu On, nesta segunda-feira (14/6), Maria contou que Joventino havia chegado da zona rural do município já com fortes dores decorrente de uma crise renal e decidiu procurar assistência médica no hospital.


Já no local, o atendimento teria demorado e ao questionar, o casal foi informado pelo recepcionista da unidade de saúde que só havia uma médica de plantão e a mesma estaria ocupada "fazendo um processo".


Em meio à espera, o homem se contorcia de dores, rolando pelo chão. As imagens foram gravadas em vídeos que circulam nas redes sociais e mostram o desespero de João Joventino. Na filmagem, ele chega a suplicar "pelo amor de Deus que fosse atendido, até mesmo por um enfermeiro", mas o recepcionista  ressalta que a equipe médica não podia atender.


"Nesse momento, ele começou a xingar que isso estava acontecendo porque não era um deles, e não adiantava ter casa bonita se não tinha panela para cozinhar. No linguajar dele, quis dizer que não adianta ter um hospital novo se não tem médico para atender a população! Nesse meio tempo ele chutou um banco. Daí apareceu um enfermeiro e falou que era um desacato e que iria ligar para polícia. Falei para ele: 'ó filho, não tem necessidade de ligar para polícia, mas você quer: ligue!', como de fato ligou." contou a professora Maria Nilda ao Aratu On.


Equipes da Guarda Municipal, que havia sido acionada pelos funcionários do hospital, chegaram e em 'questão de minutos', João foi atendido e medicado. Depois do atendimento, os guardas informaram que ele teria que ser conduzido à delegacia. Porém, a professora Maria Nilda saiu em defesa do esposo e argumentou a ação dos agentes. 


"Eu falei 'olhe o estado desse homem?' E falei 'ele não vai, sente aqui João'. Ele sentou e um dos guardas não gostou, colocou o dedo em minha cara e falou uma serie de absurdos. Eu respondi que se ele não admitia que ninguém colocasse o dedo na cara, eu também não admitia. O agente ficou mais furioso, se curvou (por ser alto), e colocou o dedo na minha cara. Rebati e falei: 'quem é você para colocar o dedo em minha cara?' E o guarda me encheu de desaforo. Perdi o controle o chamei de moleque e falei para que me respeitasse. Aí foi o momento que ele me deu uma chave de braço e colocou a algema", detalhou a professora.


A cena era presenciada por outras pessoas que estavam no local. "Vergonhoso o despreparo da nossa guarda. Quanto profissional apto a manter a ordem pública, promove justamente o contrário: o temor, a revolta social e a desordem pública. Lamentável!", disse uma mulher em uma rede social sobre a atuação dos agentes da Guarda Municipal. "Uma vergonha, coloca pessoas despreparadas para atender a população, justiça neles, indignada.", lamentou uma usuária do Facebook.




CRIANÇA


A neta do casal, de 5 anos, desesperou-se ao ver a avó ser algemada. Um homem que estava na unidade de saúde se ofereceu para acompanhar a criança até à delegacia. "O rapaz, que eu nem conheço, foi no mesmo carro que eu estava indo para a delegacia algemada e ficou lá até que uma colega minha chegasse", contou Maria, que permaneceu mais de 20 minutos algemada após chegar à delegacia de Amargosa.


"O escrivão pediu que eles tirassem a algema. Lá, uma guarda feminina, a todo momento tentava menosprezar minha imagem dizendo 'a senhora é professora. Lamentável uma pessoa como a senhora ser professora'. E eu falei 'lamentável uma pessoa como você ser uma Guarda Municipal sem nenhum preparo para lidar com o social'. E isso foi repetido por inúmeras vezes.", desabafou.


ÚNICA VERSÃO 


Maria contou ao Aratu On que apenas os agentes apresentaram a versão deles sobre o ocorrido no Hospital Municipal de Amargosa ao delegado. Ela não chegou a dar queixa sobre o abuso de poder. O caso está sendo acompanhado por dois advogados e a audiência está marcada para a próxima segunda (21/6).


A professora enfatizou que ainda está muito abalada e triste com a situação. Especialmente por que o transtorno gerou trauma na neta, que chegou a afirmar que "não consegue parar de pensar na situção".


NOTA GUARDA MUNICIPAL 


Em nota, a Guarda Civil Municipal de Amargosa alegou que foi acionada pelos servidores do Hospital Municipal e alertados que havia um homem depredando o patrimônio público e ameaçando os funcionários de morte com gestos que simulavam a existência de arma de fogo.


Com a chegada da guarnição, o paciente foi informado que precisaria acompanhar a GCM até a delegacia para prestar esclarecimento sobre os fatos, depois de ser atendido pela médica plantonista.


Ainda segundo a Guarda Municipal, antes da condução, "a acompanhante do senhor que cometeu os delitos apresentou-se alterada, se negando a acompanhar os agentes e proferindo palavras de desacato".


"Após partir para agressão física contra os agentes, a senhora precisou ser contida para a segurança da equipe e da mesma", diz a nota. "Referente ao vídeo publicado nas redes sociais ou nos veículos de comunicação, as ações já estão sendo apuradas e encaminhadas para ficarem à disposição da Justiça", conclui o texto.


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