Em entrevista, Lula descarta anistia para Bolsonaro: 'Quer apagar a bobagem que fez?'
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi intimado a depor à Polícia Federal na última quinta-feira (22/2) sobre a tentativa de golpe de Estado
Em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, colunista do Uol e apresentador na Rede TV!, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), falou sobre a possibilidade de dar anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado por uma tentativa de golpe de Estado após perder as eleições de 2022.
Ao jornalista, Lula disse, se referindo a Bolsonaro: "Você vai ser julgado, você vai ser apreciado, você vai ter o seu advogado de defesa. Eu só quero que você tenha a presunção de inocência que eu não tive. [...] É um direito seu, é um direito da democracia. Isso eu garanto para o meu melhor amigo e para o meu pior inimigo, o direito de defesa pleno".
Lula, porém, ressaltou que o ex-presidente precisa ser ouvido na Justiça, e afirmou que não concederia anistia a Bolsonaro. "Quer apagar a bobagem que fez? Ele se acovardou. Pensou o golpe, não teve coragem, foi embora para os Estados Unidos com antecedência achando que iria acontecer, e que a sociedade iria ficar apavorada, e ele iria voltar dos Estados Unidos ungido pelas massas, o que não aconteceu".
O presidente concluiu, mencionando que, em um de seus depoimentos à Polícia Federal, Bolsonaro optou pelo direito de permanecer em silêncio: "O que aconteceu é que as instituições assumiram a responsabilidade pela democracia e você agora está sofrendo o processo de investigação, prestou um depoimento, vai prestar outro depoimento... eu sei que quando o cara é covarde, ele não fala. Quando o cara é covarde, e vai prestar depoimento, o advogado fala: 'Não fala nada'. E eu sei que ele foi lá e ficou quietinho, com a boca fechada".
Confira um trecho da entrevista:
https://twitter.com/ThiagoBagatin/status/1762793575715049669
INTIMADO
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi intimado a depor à Polícia Federal na última quinta-feira (22/2) sobre a tentativa de golpe de Estado, investigada na Operação Tempus Veritatis. O coronel Marcelo Costa Câmara, ex-ajudante de ordens no Planalto, e o ex-assessor Tércio Arnaud Tomaz, também foram ouvidos.
Bolsonaro, Câmara e Tércio Arnoud foram alvos da Tempus Veritatis no dia 8 de fevereiro. Os dois últimos estão presos preventivamente por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Outros três presos, o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto, que estava nos Estados Unidos e já está detido, o major Rafael Martins de Oliveira e o ex-assessor especial para Assuntos Internacionais Filipe Garcia Martins, ainda devem depor.
Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e militares de alta patente do núcleo duro bolsonarista são os alvos centrais da Tempus Veritatis.
Na lista de investigados, estão os ex-ministros general Walter Souza Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa e ex-comandante do Exército), general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional – GSI) e Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública).
TRANSFERÊNCIA DE R$ 800 MIL
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma transferência de R$ 800 mil antes de viajar aos Estados Unidos em dezembro de 2022, após perder as eleições presidenciais, segundo a Polícia Federal (PF). O passaporte dele foi apreendido pela Operação Tempus Veritatis no dia 8 de fevereiro. As informações estão em um documento da investigação obtido pelo blog da Andréia Sadi, do G1.
Segundo a PF, os investigados “tinham a expectativa de que ainda havia possibilidade de consumação do golpe de Estado”, e sabiam dos atos ilícitos cometidos.
“Alguns investigados se evadiram do país, retirando praticamente todos seus recursos aplicados em instituições financeiras nacionais, transferindo-os para os EUA, para se resguardarem de eventual persecução penal instaurada para apurar os ilícitos”, indica o documento.
Para a polícia, nesses R$ 800 mil pode estar o dinheiro do “desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras”, como no caso da venda de joias dadas de presente pela Arábia Saudita ao governo brasileiro.
“Evidencia-se que o então presidente Jair Bolsonaro, ao final do mandato, transferiu para os Estados Unidos todos os seus bens e recursos financeiros, ilícitos e lícitos, com a finalidade de assegurar sua permanência do exterior, possivelmente, aguardando o desfecho da tentativa de Golpe de Estado que estava em andamento”, diz a PF.
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