Saúde

A terceira dose da vacina contra a Covid-19 é realmente necessária? Especialistas debatem e respondem; veja opiniões

A Organização Mundial de Saúde (OMS), também, se coloca contrária a aplicação da terceira dose, considerando que alguns países ainda permanecem sem acesso amplo aos imunizantes.

Por Diorgenes Xavier

A terceira dose da vacina contra a Covid-19 é realmente necessária? Especialistas debatem e respondem; veja opiniões ilustrativa

Com aplicação definida pelo Ministério da Saúde, na segunda quinzena do mês de agosto, o reforço na imunização contra a Covid-19 está sendo feito para grupos prioritários, no Brasil. Sua necessidade, porém, é questionada pela comunidade científica.


De acordo com a pasta, o reforço vale para quem tomou qualquer vacina contra a Covid-19 no país e deve ser realizado, preferencialmente, com uma dose da Pfizer/BioNTech. Na falta desse imunizante, a alternativa pode ser a utilização das vacinas de vetor viral, Janssen ou Astazeneca.


Em Salvador, a terceira dose começou a ser aplicada no dia 1º de setembro. No início, somente quem tinha 80 anos, ou mais, completando seis meses do recebimento da segunda dose, estavam sendo vacinados pela terceira vez. Porém, a partir do último dia 14 de setembro, o grupo de idosos passou a integrar aqueles que já completaram 70 anos.


Mas o que pensam os especialistas sobre esse reforço? Logo no início da pandemia, quando as primeiras doses dos imunizantes começaram a desembarcar no Brasil, acreditava-se que após a cobertura vacinal indicada pelos laboratórios – duas doses ou única – , os contemplados teriam, pelo menos, um ano de prazo para iniciar um reforço.


Contudo, novas circunstâncias contribuíram para uma mudança de pensamento e alguns especialistas passaram a acreditar na necessidade de uma nova aplicação dos antídotos. Para aprofundar o questionamento, o Aratu On entrou em contato com médicos, após o início do processo em Salvador.


Consultado, o especialista em infectologia hospitalar, Antônio Bandeira, foi muito objetivo sobre a aplicação da terceira dose. “Acho fundamental! É importantíssimo pra criar uma barreira de proteção, porque a maior parte desses idosos tomaram a CoronaVac, que a gente sabe que tem uma eficácia de, no máximo, 50%”.


Segundo Bandeira, além da terceira dose para os idosos, as pessoas com idades abaixo dos 18 anos, também, devem ser vacinadas. Para ele, a imunização desse público é fundamental, para se criar um cordão de isolamento contra as variantes.


Antonio-Bandeira


“Quanto mais anticorpos a gente tem, melhor! Isso porque as variantes precisam de uma quantidade um pouco maior”, disse. Porém, no caso da Delta, ele observa que as vacinas disponibilizadas no Brasil conseguem dar conta.


Entre as variantes Alfa, Gama e Delta, os imunizantes, conforme Bandeira, estão respondendo bem. “A Beta, ainda não temos, e é uma que a resposta foi um pouco menor, mas coisa boba, que uma terceira dose é capaz de resolver”.


Diretor médico do Hospital Espanhol, um centro de referência no tratamento Covid-19, em Salvador, o infectologista Roberto Badaró é mais um na defesa da aplicação do reforço. Dentro do cenário, ele ressalta o surgimento de casos da doença em pessoas que já foram imunizadas. “Isso já mostra que a vacina não dá uma proteção de 100%”, disse.


Badaró comentou para a reportagem do Aratu On que, de acordo com uma publicação feita, no mês passado, pela revista inglesa Lancet, especializada em medicina, está confirmada a segurança da utilização, tanto de imunizantes distintos, quanto com a mesma vacina, no reforço da proteção contra a Covid-19. 


O médico relatou, também, que os estudos publicados mostraram que os dois métodos são seguros e, surpreendentemente, o heterólogo, aquele com vacinas diferentes, produz uma reatogenicidade muito melhor do que o outro: o homólogo. “Só por essa evidência, a terceira dose é algo que realmente vai trazer benefício, porque aqueles que não fizeram uma imunização adequada vai poder ter essa oportunidade”, pontuou.


Contudo, com relação ao enfrentamento às variantes do novo coronavírus, Badaró disse que ainda não existem dados eficientes sobre imunidade cruzada. O ideal é que se tenha uma vacina envolvendo as quatro variantes.  



CIENTISTAS E OMS 


Apesar de o artigo da Lancet considerar seguras as aplicações homólogas ou heterólogas no processo de reforço da vacinação, uma nova publicação da revista não sugere o momento atual como propício ao início do processo que já está acontecendo em alguns países, como é o caso do Brasil. 


Na segunda-feira (13/9), um artigo conjunto de um grupo internacional de cientistas publicado na revista, concluiu que, mesmo para a variante Delta, a eficácia das vacinas contra a Covid-19 é tão alta que as doses de reforço para a população, em geral, não são adequadas nesta fase da pandemia.


A Organização Mundial de Saúde (OMS), também, se coloca contrária a aplicação da terceira dose para imunizações previstas com duas doses, em detrimento de países e regiões que ainda permanecem sem acesso amplo aos imunizantes.


REFORÇO EM SALVADOR


Na capital baiana, se prevalecendo da decisão do Governo Federal, a Secretaria Municipal de Saúde segue realizando as aplicações de reforço. Na quarta-feira (15/9), foram convocados os idosos com 70 anos ou mais que tomaram a 2ª dose até o dia 26 de março de 2021 para o recebimento da terceira dose.


O nome dessas pessoas precisa constar no site da SMS. Quem completou o esquema vacinal em casa, através do serviço do Vacina Express, não precisa fazer nova solicitação, uma vez que a administração da terceira dose acontecerá automaticamente. 


O gestor da SMS, Léo Prates, valoriza os estudos que apontam a perda da eficácia das vacinas contra a Covid-19, a partir de seis meses da aplicação da segunda dose e faz um apelo aos idosos que se encontram nesta condição para que compareçam aos postos de saúde com o objetivo de reforçar a imunização.




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