'Várias Queixas': cantores do Olodum dizem que 'Carnaval precisa deixar de ser amador'
Além de afirmar que "a maior festa de rua do planeta" precisa de mudanças, os vocalistas do Olodum, Lazinho e Lucas di Fiori, pontuaram que é preciso pensar o Carnaval ao longo do ano e deixar a questão "empresarial" de lado
Carnaval na Bahia tem muitos sinônimos e um deles pode ser a Banda Olodum, que comemora 45 anos em 2024. Em entrevista exclusiva ao Aratu On, os vocalistas Lazinho e Lucas di Fiori falaram sobre a maior festa de rua do planeta e afirmaram que o Carnaval precisa "deixar de ser amador".
"Não dá mais para pensar no Carnaval com um olhar de amadorismo, é preciso ser profissionalizado. É aquela história, se você só tirar a água do poço e não dar um descanso e buscar melhorar isso, você acaba morrendo de sede depois de um tempo. Ou a gente repensa a festa, ou vai perder a visibilidade dos turistas, dos próprios baianos, e a tradição. É necessário trabalhar o ano inteiro, não somente no verão", disse Lazinho.
Uma das discussões recentes sobre a festa é a possibilidade da mudança do circuito carnavalesco da Barra para a região da Boca do Rio. Apesar de entenderem que é preciso uma "terceira via" em termos de circuitos, os cantores afirmaram que o novo local a ser escolhido não pode ser distante do Centro Histórico. Além disso, defendem que deve ser incorporado aos demais circuitos, e não servir como um substituto.
"O Carnaval é a maior festa de rua do planeta e eu acho que precisa de uma terceira via, um terceiro circuito, mas sem essa coisa de mudar. Porque vai tirar da Barra e colocar do outro lado... vai continuar inchado. É necessário pensar em um terceiro local e as bandas contratadas por governo e prefeitura serem obrigadas a tocar em todos eles.", afirmou Lucas.
Sobre ser a Boca do Rio, os músicos pontuam que o local seria mais um problema que uma solução, uma vez que "a distância do circuito para o Centro iria aumentar demais, ampliando, por exemplo, o problema da mobilidade e transporte durante a festa. Como alternativa, Lazinho apontou a área do "Comércio" como uma possibilidade mais em conta, dada a facilidade de acessar o Centro da cidade.
"É preciso um estudo aprofundado para fazer as mudanças estruturais naquele espaço, para poder comportar o desfile. É uma área empresarial, que fica praticamente morta [no Carnaval], e é uma área linda da nossa cidade, ponto turístico perto do Centro, então o acesso das pessoas para escolher onde curtir seria muito mais fácil, muito mais prático.", completa di Fiori.
"A gente precisa organizar a estrutura do Carnaval. A Avenida precisa ser repaginada, reestruturada, porque a Barra está inchada e a gente precisa receber as pessoas bem. E só se faz isso com estrutura, bons sanitários, espaço, para que todo mundo curta feliz". afirma Lazinho.
Carnaval 2025
Ainda em entrevista concedida ao Aratu On, durante o lançamento do Camarote Ondina, nesta sexta-feira (22), os cantores contaram sobre o tema do Olodum para os festejos de 2025: "Olodumaré".
"É o criador de todas as coisas, o Deus Supremo. Nada mais justo que a gente homenager quem criou tudo. É com essa energia que a gente vai para a Avenida, que a gente vai fazer o nosso Carnaval, esperando que seja uma festa de muita paz e muita alegria", revelou Lucas di Fiori.
A dupla contou ainda que a agenda do Olodum deve se concentrar em Salvador, muito pela questão logística, para facilitar a organização. De acordo com Lazinho, os tambores do Pelourinho vão soar nos dois circuitos do Carnaval, em camarotes e também participará do Carnaval nos Bairros, "democratizando e levando a música do Olodum para todos".
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