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Liga da Várzea: documentário mostra história do União San Martim, time formado apenas por rodoviários

Francisco Costa, que sonhava em montar um time 100% formado por rodoviários, atuava como olheiro nos campos de várzea: ele ia aos jogos, prestava atenção nos jogadores que se saíam melhor e estavam desempregados, e os levava para fazer um processo seletivo na empresa.

Por Da Redação

Liga da Várzea: documentário mostra história do União San Martim, time formado apenas por rodoviários divulgação

A grande final da 1º Liga de Campeões de Várzea, transmitida pela TV Aratu, aconteceu no dia 12 de junho, e teve o Penharol de Cajazeiras como campeão. E, para marcar a primeira edição desse evento, o Grupo Aratu produziu o seu terceiro mini doc, "A união da várzea | Liga dos Campeões de Futebol de Várzea 2022", que conta a história da formação de um dos times que disputou o campeonato e é inteiramente formado pelos rodoviários de uma mesma empresa: o União San Martim.



Quem começou a montar o time foi Francisco Costa, que trabalha como despachante em uma empresa de ônibus. No começo, Francisco, que sonhava em ter um time 100% formado por rodoviários, atuava como olheiro nos campos de várzea: ele ia aos jogos, prestava atenção nos jogadores que se saíam melhor e estavam desempregados, e os levava para fazer um processo seletivo na empresa. Ou seja: se jogasse bem, ainda saía com um emprego!


"Chamava, levava para os treinos. Dos treinos, levava para a empresa, já fazia os testes, eles passavam nos testes, ingressavam como rodoviários. E fomos criando o time 'União San Martim'", explica Francisco.


E, hoje, para ele, é isso que destaca a equipe, que foi campeã invicta na Liga dos Campeões da Várzea no Calombão, em Paripe: todos os jogadores são operários e trabalham juntos todos os dias. "O diferencial da equipe União San Martin é que são todos operários, todos rodoviários: cobrador, motorista, lavador de ônibus, mecânico, servente em geral. O meu sonho mesmo é formar um time competitivo, como está hoje, para disputar qualquer campeonato e chegar na Final".


JOGADORES E RODOVIÁRIOS


Diego de Jesus, que trabalha como cobrador na mesma empresa que Francisco, foi um dos jogadores que teve a vida transformada pelo futebol de várzea: desempregado e com dois filhos para criar após o falecimento da esposa, foi por causa do time que ele começou a trabalhar. Ele ficou sabendo por um amigo que uma empresa de ônibus tinha um time e que, quem jogasse direitinho, tinha a chance de ser contratado. Diego foi até lá, participou de um treino, foi bem e ainda conseguiu o emprego, tudo graças ao esporte: "O futebol me botou aí nessa empresa".


Mas, a história de Diego com o futebol é antiga e começou antes dele nascer - ou melhor, no dia do nascimento dele. "Eu praticamente nasci num campo de futebol de várzea. Minha mãe ainda estava grávida de mim, num campo aqui perto, chamado Poeirão. Quando o time foi campeão, ela sentiu a dor. Aí estourou, né? A bolsa. E teve aquela pressa toda. E eu nasci".


Dali em diante, nunca mais largou o futebol: ao lado da mãe, que perdeu há pouco tempo, ia a todos os jogos que podia. "Cresci com aquilo", relembra o cobrador. Depois, a mãe, que sonhava em ver o filho se tornar jogador, o matriculou em uma escolinha de futebol, e assistia a todos os jogos. "Onde eu ia jogar, ela ia comigo. Pense em uma torcedora? Ela foi tudo para mim".


SUCESSO


E tudo isso só se tornou realidade porque, em 2004, Edson Gordurinha, Presidente da Liga Salvador Futebol de Várzea, quis que se tornasse. Na época, ele, que vivia o futebol de várzea, decidiu fundar a Liga. "Senti a necessidade de organizar as competições. E, em 2004, a gente fundou a Liga Salvador de Futebol de Várzea, onde a gente, de lá para cá, vem fazendo as competições, torneios, cursos, fóruns, seminários, palestras, em Salvador e região metropolitana".


Mesmo agora, com os torneios já organizados e o sucesso da 1º Liga de Campeões de Várzea, os amantes do futebol de bairro não param de sonhar. Francisco Costa, por exemplo, já consegue imaginar o União San Martim no campeonato baiano: "Meu sonho é um dia chegar a disputar uma competição baiana, chegando até a disputar a primeira divisão do campeonato baiano. É um sonho meu".


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