Restaurantes baianos entram na lista dos 100 melhores locais para comer do Brasil; confira
Foram premiadas casas que conseguiram sobreviver a dois anos desafiadores, que apostam no uso de ingredientes de boa procedência e na criatividade da cozinha e, principalmente, que conseguem oferecer uma experiência única a uma clientela cada vez mais exigente.
Uma lista dos 100 melhores restaurantes do Brasil feita pela revista Exame conta com 10 locais baianos selecionados. Para a eleição, primeira da revista, foi escolhido um júri formado por 60 renomados críticos e influenciadores da alegre arte de comer e beber. Cada especialista apontou dez restaurantes de sua preferência, sem ordem de importância.
Foram premiadas casas que conseguiram sobreviver a dois anos desafiadores, que apostam no uso de ingredientes de boa procedência e na criatividade da cozinha e, principalmente, que conseguem oferecer uma experiência única a uma clientela cada vez mais exigente.
Entre os jurados baianos estão Lílian Brasileiro, do blog Só Pela Sobremesa, atualmente residente no Chile e as jornalistas Linda Bezerra e Paula Theotonio, editora-chefe e colunista de vinhos do jornal Correio, respectivamente.
Confira abaixo a lista com a colocação de cada um deles e um breve descritivo da revista.
4º Origem
A Bahia aparece pertinho do pódio, no 4º lugar, empatado com o Mocotó, de São Paulo. O escolhido foi o restaurante Origem, do chef Fabrício Lemos, que só trabalha com menu degustação, a 220 reais. O endereço é Alameda das Algarobas, 74, Pituba.
São 14 etapas, sempre precedidas por um shot de cachaça — incrementada com seriguela, por exemplo. As ostras ao molho béarnaise com vinho tinto e o capelete de pato servido com magret da ave e nacos de polvo dão uma pista da experiência completa. Que culmina com duas sobremesas criadas pela chef pâtissière Lisiane Arouca, mulher de Lemos e uma sumidade no assunto.
Como adaptar uma proposta como essa ao delivery, a única saída possível nos meses mais duros da quarentena? “Foi impossível”, lembra Lemos, que, para driblar o inevitável prejuízo da pandemia, passou a se oferecer para cozinhar na casa dos clientes. De lá para cá, comandou mais de 100 jantares do tipo, para até 50 pessoas por vez.
O faturamento do Origem já é o mesmo de antes da pandemia, mas há outra ameaça no horizonte: a inflação em alta. “Para não afastar os clientes, faço o possível para não repassar os custos”, diz o chef. “Lagosta, por exemplo, não entra mais no cardápio, pois o preço dela está impraticável.” Ele e a mulher comandam mais três empreendimentos em Salvador: o bar Gem e os restaurantes Ori (que aparece na lista no 35º lugar)e Omi. Em junho, a dupla pretende inaugurar mais um, o Origem Lab, só para 20 pessoas e também só com menu degustação.
Alameda das Algarobas, 74, Pituba, Salvador
26° Dona Mariquita
O restaurante Dona Mariquita, no Rio Vermelho, ficou empatado com Pichi, de São Paulo, e o Xapuri, de Belo Horizonte. Mais que preparar comidas saborosas, o Dona Mariquita presta um serviço ao resgatar receitas que eram servidas em feiras livres e barracas de rua pela Bahia. E, não à toa, o cardápio é dividido pelas influências gastronômicas – como “comida de baiano” ou de origens africanas. Toda a experiência é fiel à proposta de Leila Carreiro, que fundou o restaurante em 2016 e, até hoje, comanda a cozinha no boêmio bairro do Rio Vermelho. Há desde clássicos, como mini acarajés com vatapá e camarões secos (por 55 reais), até arroz de coco com molho de camarão e carne seca para dois (130 reais).
Rua do Meio, 178, Rio Vermelho, Salvador
35° Amado / Ori
Os restaurantes baianos Amado, localizado na Avenida Lafayette Coutinho [Contorno], e Ori, no Horto Florestal, ficaram empatados com Aizôme (São Paulo), Barú Marisqueria (São Paulo), Borgo Mooca (São Paulo), Cá-já (Recife), Chez Claude (São Paulo e Rio de Janeiro), Cipriani (Rio de Janeiro), Grado (Rio de Janeiro), Metzi (São Paulo), Ostradamus (Florianópolis), Ristorantino (São Paulo), Sult (Rio de Janeiro), Xavier (Porto Alegre), Ponte Nova (Recife), Remanso do Peixe (Belém), Rocka (Búzios) e Satyricon
AMADO - Entre se manter religiosamente fiel à culinária local e criar identidade própria, o restaurateur Edinho Engel seguiu pela segunda opção. E realizou isso com maestria: o cardápio do Amado é recheado de criações próprias, mas sem ignorar ingredientes que vêm frescos da baía de Todos os Santos, como lambretas e mariscos ao vinho branco (72 reais) ou casquinha de aratu com farofa de licuri (38 reais) – também chamada de palmeira sertaneja. Também há surpresas, como o cupim prensado à cavala (110 reais) e galinhada de pato (98 reais), sempre acompanhados da paisagem de tirar o fôlego.
Avenida Lafayete Coutinho, 660, Comércio, Salvador
ORI - Dá para dizer que o Ori é fruto do restaurante Origem. Mas a dupla Fabrício Lemos e Lisiane Arouca conseguiu dar identidade própria à segunda empreitada: receitas mais “pé no chão” e cardápio à la carte – enquanto o precursor oferece apenas o menu degustação –, sempre com forte referência à gastronomia baiana. Prova disso é o abarajé (35 reais), criação da casa que reúne duas das receitas mais tradicionais da região; e a carne de sol com tropeiro de cuscuz e pirão de leite (89 reais). Existe até uma feijoada com frutos do mar, feijão branco e arroz de coco para compartilhar (159 reais).
Avenida Santa Luzia, 656, Horto Florestal, Salvador
49° Carvão/ Chez Bernard/ La Taperia/ Pasta em Casa/Casa de Tereza
CARVÃO - Como o próprio nome indica, o ponto-forte do restaurante comandado por Ricardo Silva é a carne, ainda que a relação com o carvão seja mais próxima que o comum: o cozinheiro prepara os cortes diretamente sobre brasa – que garante mais crosta e sabor defumado. Na lista de inovações, o chef também já maturou peças de bife ancho na cera de abelha por 90 dias. Por outro lado, há preparos cotidianos, como fraldinha (300g por 137 reais), chorizo (300g por 109 reais), e prime ribs (500g por 208 reais), todos com acompanhamentos. E, na semana, existe até menu executivo (64 reais).
Rua Professor Sabino Silva, 5, Chame-Chame, Salvador
CHEZ-BERNARD - Não faltam paisagens de tirar o fôlego em Salvador (BA), mas poucos restaurantes são privilegiados como o Chez Bernard – com paredes envidraçadas de frente para a baía de Todos os Santos. E ainda existe uma boa dose de tradição por trás disso, já que esse foi o primeiro representante da culinária francesa na cidade, fundado em 1963. Desde então, mudou de donos e passou por reformas, mas a essência continua igual. Prova disso é que o cardápio tem ícones como moules frites (72 reais), steak tartare (69 reais), coq au vin (91 reais), filet béarnaise (118 reais) e até sopa de cebola (58 reais).
Rua Gamboa de Cima, 11, Dois de Julho, Salvador
LA TAPERIA - Não haveria localização melhor para um descontraído restaurante espanhol: o boêmio bairro do Rio Vermelho, em Salvador (BA). Da cozinha comandada por Jose Morchon, nascido em Valladolid, saem pratos tradicionais de taperias, como pulpo a la gallega (61 reais), patatas bravas (38 reais), gambas al ajillo (54 reais) e croquetas (seis unidades por 54 reais) – e o ideal é pedir para dividir entre todos. Além disso, existe uma carta de vinhos, sangrias, coquetéis e cervejas de fazer inveja a muitos bares tradicionais. Para completar esse pacote, o antigo casarão está de frente para o mar da Bahia.
Rua da Paciência, 251, Rio Vermelho, Salvador
PASTA EM CASA - Tudo começou como uma rotisseria italiana, aberta em 2012, na qual os clientes poderiam comprar os produtos para consumir fora. Mas o reconhecimento da cozinha levou a uma evolução natural: a criação do restaurante – que depois deu origem à padaria e à mercearia que também funcionam ali. E o foco continua nas receitas clássicas, desde o pão servido com alho confitado, alichela, caponata e sardela (48 reais) até o polpetone (30 reais). Claro que as massas têm destaque, como o ravioli de búfala (54 reais), favorito do público, mas também há carnes grelhadas e a ótima salada caprese.
Rua Professora Almerinda Dultra, 67, Rio Vermelho, Salvador
CASA DE TEREZA - Poucos restaurantes conseguem inserir tanto significado nas receitas quando o Casa de Tereza – que traz constantes referências à cultura baiana e também às religiões de matriz africana. Tanto é que os menus degustação (330 reais para duas pessoas) homenageiam os Orixás e incluem até oferenda aos santos. No cardápio há pratos típicos da região, como as lascas de fumeiro em caramelo de laranja e cebolada (63 reais), além das generosas porções para duas pessoas do bobó de camarão (165 reais), da carne de sol com abóbora, aipim e feijão verde (143 reais) ou da moqueca de peixe (149 reais).
Rua Odilon Santos, 45, Rio Vermelho, Salvador
88° Fasano Salvador
Não é nenhuma novidade que o Fasano Salvador siga à risca as características que tornaram o grupo uma referência – o que é excelente. Além de o menu degustação com quatro massas artesanais e as principais sobremesas da casa (231 reais), é possível escolher a opção dedicada às carnes (396 reais), com cinco etapas. No cardápio, o restaurante aposta pelas receitas tradicionais italianas, quase sem intervenções, como é o caso do carpaccio alla Fasano (96 reais) com alcaparras e pinole; o fettuccine al ragú bolognese (104 reais); ainda que haja licença para a moqueca e outros pratos típicos.
Praça Castro Alves, 5, Centro Histórico, Salvador
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no www.aratuon.com.br/aovivo. Nos siga no Instagram, Facebook e Twitter. Quer mandar uma denúncia ou sugestão de pauta, mande WhatsApp para (71) 99940 - 7440. Nos insira nos seus grupos!