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Copa 2023: Em seu nono Mundial, Nigéria encara grupo da morte e acredita na classificação

Potência africana no futebol feminino, Super Falcões tem experiência de atletas como seu maior trunfo.

Por Da Redação

Copa 2023: Em seu nono Mundial, Nigéria encara grupo da morte e acredita na classificaçãoDivulgação/FIFA
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
É impossível falar de futebol feminino africano sem citar a Nigéria. Uma das pioneiras da prática do esporte na região, é a maior vencedora do torneio continental e esteve em todas as edições da Copa do Mundo. Entretanto, ao se tratar do Mundial, as Super Falcões tem tímidas participações com apenas duas passagens pelo mata-mata do torneio. Entretanto, a equipe vai para a Austrália querendo reverter essa estatística e nem o grupo da morte com Austrália e Canadá assusta o elenco verde e branco.
Potência absoluta, Nigéria tem história antiga no futebol
A prática do futebol feminino na Nigéria não é só antiga, como também remete a uma manifestação que se tornou símbolo de resistência em relação a colonização e o machismo na região.
O futebol como esporte foi introduzido no país nos anos 30, sendo praticados em um primeiro momento pelos colonos britânicos. Na ocasião, jogos entre mulheres eram justificados como eventos de arrecadação beneficente, sendo mais tarde levado para disputas entre clubes femininos recém-fundados.
Antes da chegada dos britânicos, a Nigéria apresentava uma sociedade que não qualificava as atividades por questão de gênero, sendo normal que tantos homens quanto mulheres praticassem diversas atividades. Dessa maneira, o futebol foi facilmente assimilado pela população original local e se proliferou muito rápido nos grandes centros. Isso era desaprovado pelos colonos, que em 1950 passaram a proibir a modalidade feminina do esporte com sérias ameaças aos campos de disputa que existiam no país.

Mesmo com a independência, o esporte seguiu proibido para mulheres. Entretanto, as nigerianas seguiram na prática clandestina, o que acabou de ajudar no crescimento e no entendimento de que o futebol era um esporte de todos e para todos. Pelos anos 70 e 80, clubes foram fundados especialmente com enfoque nas mulheres, o que rendeu até a criação de uma competição nacional. Em 1989, mais de 25 clubes atuavam ativamente com equipes femininas.
Os anos 90 chegaram e com eles o reconhecimento oficial também. Sendo assim, a Federação de Futebol da Nigéria formou a sua primeira seleção para a disputa da Copa do Mundo de 1991.

Primeiras Copas e Hegemonia Africana
O primeiro passo para chegar ao Mundial foi a disputa do primeiro Campeonato Africano, organizado em 1991. E mesmo com oito países organizados em uma competição de eliminatórias em jogos de ida e volta, um conjunto de deserções reduziu o número de participantes ao longo da competição. Dentro disso, a Nigéria derrotou Gana na primeira fase (5 a 1, 2 a 1), passou pela Guiné nas semifinais (3 a 0 e 4 a 0) e sagrou-se campeão sobre Camarões (2 a 0,  4 a 0).
Com vaga garantida a equipe de Falcões foi ao Mundial, sediado na China, e teve seu primeiro contato com o futebol intercontinental. Ao todo foram três tropeços, com 4 a 0  para a Alemanha, 1 a 0 para a Itália e 2 a 0 para Taiwan.

Em 1995, novo domínio continental ocasionou a conquista do bicampeonato africano e outra vaga na Copa do Mundo, dessa vez na Suécia. Dentro do torneio, uma goleada de 8 a 0 sofrida contra a Noruega (campeão daquela edição) parecia o prenúncio de uma nova campanha sem pontuar.
Entretanto, o empate 3 a 3 com o Canadá deu uma esperança a equipe para a rodada final contra a Inglaterra. Infelizmente, os antigos colonizadores venceram o time nigeriano por 3 a 2 e acabara com o sonho de uma classificação as quartas de final.
A Copa da África de 1998 apresentava mais clubes que as edições anteriores, mas isso não incomodou a Equipe dos Falcões em sua caminhada para o tricampeonato. Foi mais uma campanha sem dificuldades e com 100% de aproveitamento. O título levou novamente a Copa do Mundo, agora de 1999 nos Estados Unidos, que se tornou histórica para o selecionado africano.
Em um grupo com Estados Unidos (anfitrião e campeão daquele ano), Coreia do Norte e Dinamarca, a Nigéria superou as asiáticas por 2 a 1, foram goleadas por 7 a 1 contra as donas da casa e venceram as escandinavas por 2 a 0. Uma classificação histórica que parou nas quartas de final em um jogo emocionante contra o Brasil comandado por Sissi. No final, o resultado de 4 a 3 para as sul-americanas - com o critério do gol de ouro - desceu de forma amarga para as africanas. Entretanto, a equipe de Okosieme e Mercy Akide marcou história e influenciou a geração de todo um continente.

O ano 2000 chega com a Nigéria conquistando o tetracampeonato. Na estreia o seu primeiro empate na competição contra a rival Gana parecia um aviso de que o futebol dos vizinhos estava evoluindo. Entretanto, não existiu dificuldades nas partidas seguintes e o título chegou mais uma vez ao país. No mesmo ano, a disputa dos Jogos Olímpicos decepciona, com uma lanterna na primeira fase em um grupo com Estados Unidos, Noruega e China.
Em 2002, o pentacampeonato africano chega, mas as nigerianas sofrem sua primeira derrota na competição frente a Gana na fase de grupos. A final, porém, revanche contra as mesmas adversárias e conquista do torneio. Já a Copa de 2003 se mostrou uma grande decepção, com as Falcões perdendo todos seus confrontos e dando adeus já na primeira fase.
Hegemonia ameaçada e retorno ao mata-mata mundial
Nos Jogos Olímpicos de 2004, a Nigéria retorna a fase de mata-matas, mas fica nas quartas de final em combate contra a Alemanha. No mesmo ano, o hexa continental confirma a força em sua região, com o hepta de 2006 sepultando a equipe como única potência africana. Porém, a falta de sucesso na Copa 2007 e nos Jogos de 2008 criam um alerta sobre a comparação de seu cenário com o resto do mundo.
Em 2008, o primeiro revés acontece. Derrota para Guiné Equatorial nas semis africanas e um amargo terceiro lugar, com as guineenses levantando o caneco. Dois anos depois, o octa tenta normalizar o status quo já ameaçado da equipe e a campanha da Copa 2011, com um triunfo sobre o Canadá, dá esperança ao futebol nigeriano. Porém, em 2012, a eliminação para a África do Sul e o bicampeonato da Guiné, além da falta de presença nos Jogos de Londres, demonstram que as dificuldades parecem mais evidentes.
Com maior competitividade local, o futebol nigeriano também passou a evoluir em estrutura e preparação. Mesmo em um nível muito abaixo do masculino, que recebe maiores salários e premiações em suas apresentações, o nono título africano de 2014 cria esperanças em uma boa exibição na Copa de 2015. Entretanto, um grupo da morte com Estados Unidos, Austrália e Suécia acabam com o sonho nigeriano, mesmo com um histórico empate em 3 a 3 contra as suecas na estreia.

Em 2019, a equipe chega ao Mundial credenciada com mais dois títulos africanos e uma equipe experiente na competição. O grupo difícil, que contava com a anfitriã França e a campeã Noruega, termina bem para o selecionado. Ao vencer as sul-coreanas, as Falcões garantem vaga nas oitavas e retornam ao mata-mata depois de 10 anos. Infelizmente, a equipe não apresenta reação contra as fortes alemães e fica entre as 16 melhores equipes do campeonato.
Nigéria na Copa do Mundo 2023
Para a Copa da Austrália e Nova Zelândia, o time vem novamente de um revés continental (derrotas para África do Sul, atual campeã e desclassificação nos penaltis contra o Marrocos na última Copa Africana), mas tem fé que seu experiente elenco possa surpreender na competição mundial.
O grande problema é que o grupo da Nigéria é um dos mais difíceis da Copa. A estreia das Falcões acontece no dia 21/7 contra o Canadá - atual campeã olímpica - em Melbourne, com a segunda rodada acontecendo no dia 27 em partida com a Austrália em Brisbane. Já o encerramento acontece no dia 31, também em Brisbane, contra a Irlanda.
Para orientar as atletas dentro de campo, a experiente Onome Ebi chega a sua sexta copa e carrega uma experiência necessária para enfrentar as adversidades e sonhar com um pódio no torneio mais importante do futebol feminino.

“Como equipe, nós queremos fazer mais do que fizemos em 2019, na França. Sendo totalmente honesta, eu acho que podemos chegar às semifinais. Nós temos jogadores de alto nível, experientes e algumas jovens muito talentosas. É mesmo possível e depende da gente agarrar a chance com as duas mãos e mostrar ao mundo que somos a Nigéria e não vamos para lá apenas para fazer número. Estamos prontas para o que vier”, afirma.


Além dela, outro destaque do time é a artilheira Asisat Oshoala. Verdadeira máquina de fazer gols na seleção e no Barcelona, sua equipe, a atleta tem experiência em jogos de alto nível e não se exime da responsabilidade de fazer gols. Após ausència por lesão da Copa Africana de 2023, Oshoala não disfarça o sonho de conquistar o Mundial.
“Quem disse que não podemos ganhar? Todo mundo esperava que a Nigéria ganhasse a Copa Africana de Nações, mas fomos derrotadas e tivemos de disputar a decisão do terceiro lugar. O futebol às vezes é um jogo de sorte.”

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