O Bem Tranforma: pioneira do futebol feminino no Brasil, Dilma Mendes quer futuro diferente para meninas no esporte
Dilma é a treinadora vitoriosa da Seleção Brasileira feminina de futebol de 7, subsecretária municipal de Esporte de Camaçari e tem seu próprio projeto social
"O amor nos une e o impossível sempre vai ser temporário na vida de todos nós", disse, emocionada, Dilma Mendes, uma das pioneiras do futebol feminino no Brasil, ao subir ao palco da cerimônia "O Bem Transforma", da TV Aratu, para pegar seu troféu na categoria "Esporte".
O reconhecimento ocorreu no último dia 30 de outubro, na sede do Sebrae, em Salvador, mas Dilma tem uma vida inteira dedicada ao futebol. A relação com a modalidade se confunde com sua própria história, que é de amor, mas também de superação.
Hoje, é a treinadora vitoriosa da Seleção Brasileira feminina de futebol de 7, subsecretária municipal de Esporte, Lazer e Juventude de Camaçari (Sejuv), cidade onde nasceu, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), e onde também tem seu próprio projeto social.
Pouco depois da homenagem, ela ainda estava emocionada e contou o porquê ao Aratu On. "Foi muito sacrifício", disse, lembrando-se da infância e do que precisou enfrentar para continuar na carreira esportiva. Contou que precisava, muitas vezes, despistar a mãe, para não receber bronca.
Na época em que o futebol feminino foi proibido no Brasil, presenciou diversas colegas serem presas, simplesmente por estarem em campo, dando passes, driblando e balançando as redes. "Eu nunca fui presa, mas ficava, às vezes, em uma salinha [na delegacia]", relatou, sem fazer grande caso.
Para que outras meninas tenham realidades completamente diferentes, com mais oportunidade, Dilma passou a se dedicar ainda mais ao futebol. Quando termina a jornada na secretaria, Dilma Mendes troca de profissão e vira a Dilma técnica e professora. Cuida dos próprios projetos sociais e também criou o setor de esporte inclusivo, para atletas amputados e surdos. São mais de 100 alunas dos 6 aos 16 anos, e todas recebem uniforme e uma bola.
Por lá, as meninas aprendem não só noções de futebol, como explica a psicopedagoga Bianca Elaine. "A gente procura ter um trabalho diferenciado, com cuidado em relação ao ciclo menstrual, à forma que precisam vir, fazendo a dinâmica. Tem a questão da proteção do seio e outra coisa muito importante é o acompanhamento escolar".
Foi na escolinha que a atacante Isabelle Paranhos, de 13 anos, foi descoberta. "Mantive por muito tempo esse sonho pra mim, aí um dia cheguei pra minha professora e disse pra ela o que eu gostaria de ser", contou a adolescente, sem conter as lágrimas.
Ela é um dos destaques do projeto, no qual está há três anos. "O futebol foi o que me trouxe alegria em momentos difíceis. Sou muito grata à professora Dilma e pode ter certeza que, se um dia eu conseguir, vou levar a senhora ", disse, olhando para homenageada do projeto O Bem Transforma.
A treinadora, então, completa: "Vai continuar ajudando o projeto, trazendo mais meninas que têm esse sonho de jogar futebol e, muitas vezes, não têm dinheiro, não podem comprar a chuteira... É isso que a gente tem que fazer. Aqui a gente está formando cidadãs para que, no futuro, elas possam ser sementinhas de esperança para outras meninas. 'Hoje eu faço e amanhã é a sua vez'".
Para Nicole Freitas, outra beneficiada do projeto de Dilma, não é só sobre jogar. "É sobre se sentir acolhida, como se fosse uma família, quando você não consegue se sentir assim lá fora, sozinha e com vários preconceitos. Quando você chega aqui e vê que todo mundo gosta da mesma coisa que você gosta, você acaba ficando animada de querer fazer mais", afirma.
Veja, abaixo, reportagem do quadro Guerreiras da Bola, exibida pela TV Aratu, em julho:
https://youtu.be/0rjfdErhiZc
Esta reportagem é a sexta de uma série do Aratu On sobre os 15 vencedores do prêmio “O Bem Transforma”, homenagem da TV Aratu para pessoas e instituições que contribuem para a construção de uma Bahia melhor. A cerimônia de entrega dos prêmios foi realizada no dia 30 de outubro.
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