Crianças Yanomami são 'sugadas e cuspidas' por draga de garimpeiros, dizem indígenas; uma sobreviveu
A Hutukara Associação Yanomami informou, em nota, que o garimpo ilegal na Terra Indigena (TI) já destruiu mais de 3 mil hectates de área de floresta e chamou a atenção das autoridades brasileiras para a situação.
Nesta terça-feira(12/10), uma criança morreu e outra desapareceu no rio que banha a comunidade Makuxi Yano, região do Parima, Terra Indígena Yanomami, em Roraima. As crianças nadavam perto de uma balsa de garimpeiros, quando foram levadas pela correnteza.
As crianças de 5 e 7 anos foram "sugadas e cuspidas" pela ação de uma draga do garimpo, equipamento que suga a terra e é usado na extração dos minérios. Nesta quinta-feira(14/10), o menino de 5 anos foi encontrado com vida, enquanto o primo de 7 anos segue desaparecido.
"A draga gigante puxou as crianças, sugou as crianças e elas desapareceram. É uma situação grave, estamos preocupados, muito tristes e revoltados. Para nós Yanomami e Yekuana as vidas das crianças são sagradas, pois serão futuros guerreiros", afirmou Dario Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, ao Globo.
Em nota à reportagem, a Corporação Bombeiros Militar de Roraima informou que enviou, na tarde de quarta-feira (13/10), uma equipe de quatro bombeiros militares para realizar as buscas pelas duas crianças indígenas vítimas de afogamento. "Devido a distância e a dificuldade de acesso, o CBMRR ficou aguardando a disponibilização de uma aeronave pela autoridade indígena solicitante, o que só ocorreu no final da tarde. Os mergulhadores estão no local realizando as buscas desde as primeiras horas desta quinta-feira", explicam.
A Hutukara Associação Yanomami informou, em nota, que o garimpo ilegal na Terra Indigena (TI) já destruiu mais de 3 mil hectates de área de floresta. Se comparado a dezembro de 2020, houve um aumento de 44% somente na região do Parima. “O aumento da atividade garimpeira ilegal na Terra Indígena Yanomami está se refletindo em mais insegurança, violência, doenças, e morte para os Yanomami e Ye’kwana. As autoridades brasileiras precisam continuar atuando para proteger a Terra-Floresta, e impedir que o garimpo ilegal continue ameaçando nossas vidas”, diz o comunicado.
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