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Mesma unidade do caso Davi Fiúza, 49ª CIPM é acusada de sequestrar jovem sem passagem em Salvador; mãe está desesperada

"Quando chegou aqui, o Ford Ka preto parou e pegou ele. [...] Colocaram ele dentro do carro e ainda deram dois tiros para cima. Desapareceram com meu filho", diz mãe.

Por Beatriz Bulhões

Mesma unidade do caso Davi Fiúza, 49ª CIPM é acusada de sequestrar jovem sem passagem em Salvador; mãe está desesperadaTv Aratu

Passava das 14h de quinta-feira (30/6) no bairro de São Cristóvão, em Salvador, quando policiais militares, em uma viatura despadronizada, levaram o jovem Paulo Henrique Conceição de Jesus, de 26 anos. A denúncia foi feita ao Grupo Aratu pela família do rapaz, nesta sexta-feira (1/7), após horas de buscas por hospitais e delegacias da capital. 


A ação de busca é capitaneada pela mãe, Celidalva Conceição. Já chorosa, ela relembrou como tudo aconteceu. "Meu filho estava almoçando. Quando chegou aqui, o Ford Ka preto parou e pegou ele. Paulo estava com o celular dele e o da minha nora. Colocaram ele dentro do carro e ainda deram dois tiros para cima. Desapareceram com meu filho", disse. 


Foram vizinhos e outros familiares que identificaram a viatura despadronizada. "Esse Ford Ka é da 49ª CIPM. Esse carro é sempre visto aqui. Faltou a gente anotar uma letra da placa, mas está quase completa. O carro está com o lado todo arranhado. Sabemos que o policial estuda. Respeitamos os que trabalham correto. Sabemos quando é bandido que faz abordagem. Eles estavam de colete e bem trajados", denunciou o cunhado de Paulo, de prenome Alfredo. 


A 49ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) é, realmente, a responsável pelo policiamento no bairro de São Cristóvão. Apesar de a apuração da reportagem do Aratu On apontar que Paulo Henrique não tinha passagens pela Polícia Civil, a mãe fez um apelo: "Se pegassem meu filho com alguma coisa [errada], a obrigação [dos policiais] é levar para a delegacia. Ele tinha uma filha de um ano, meu Deus. Eu peço pelo amor de Deus", pediu Celidalva. 


A mãe ainda chegou a dizer que, no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ela foi informada que o Ford Ka pertenceria mesmo à PM. "O carro passou pulando o quebra-mola. Fomos para todas as delegacias, inclusive de Itinga. Na última, o investigador me orientou a ir para casa. Minha nora está no DHPP. Ontem, lá, disseram que era a PM com esse Ford Ka", acrescentou. 


Por meio de nota, a Polícia Militar da Bahia disse que "a 49ª CIPM não possui registro sobre abordagem na data e local mencionados". A coorporação informou ainda que "se coloca à disposição através da Corregedoria",pedindo que os familiarem prestem depoimento "para que mais informações sejam colhidas e, consequentemente, seja oficialmente investigado".


 



CASO PARECIDO


A mesma equipe que teria levado Paulo Henrique já se envolveu em um outro desaparecimento muito parecido. Em outubro de 2014, o garoto Davi fiúza, de 16 anos, sumiu durante uma operação policial na localidade conhecida como Jardim Vila Verde, na Estrada Velha do Aeroporto. O local também é patrulhado 49ª CIPM.


Oito anos depois, Davi segue desaparecido. Em abril de 2016, 23 PMs chegaram a ser indiciados pela Polícia Civil pelo assassinato do jovem, além dos crimes de ocultação de cadáver e formação de quadrilha.


LEIA MAIS: Desaparecimento de Davi Fiuza completa cinco anos sem resposta: "Parece que não é cura"


Cerca de dois anos depois, em agosto de 2018, a Polícia Civil concluiu o inquérito e diminuiu para 17 o número de policiais militares indicados por participarem da abordagem. Destes, apenas sete foram denunciados pelo Ministério Público (MP), em setembro do mesmo ano. Os crimes citados são sequestro e cárcere privado.


O sumiço de Davi aconteceu dois dias antes do segundo turno das eleições de 2014. Pela legislação brasileira, durante o período eleitoral, que começa cinco dias antes da votação e termina 48 horas após o seu fim, só podem ocorrer prisões em flagrante dos eleitores - o que dificultou ainda mais a prisão dos envolvidos.


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