Saúde

Covaxin: entenda a polêmica sobre a vacina indiana comprada pelo Brasil 10x mais cara

A indiana foi comprada a US$ 15, cerca de 1.000% mais cara do que nos primeiros contatos, quando seria de US$ 1,34.

Por Da Redação

Covaxin: entenda a polêmica sobre a vacina indiana comprada pelo Brasil 10x mais cara divulgação/Bharat Biotec

A vacina Covaxin, representada no Brasil pela Precisa Medicamentos, foi comprada pelo governo federal para integrar o Plano Nacional de Vacinação (PNI). O problema é que ela foi comprada por um valor 10x maior do que a empresa oferecia seis meses antes da compra. 


O Ministério da Saúde pagou US$ 15 por unidade (cerca de R$ 80,70, na cotação da época), sendo mais cara do que as outras cinco vacinas compradas até agora (Coronavac, Astrazêneca, Pfizer, Janssen, Sputinik V). Um telegrama sigiloso da embaixada brasileira em Nova Délhi, de agosto de 2020, ao qual o Estadão teve acesso, informava que o imunizante produzido pela Bharat Biotech tinha o preço estimado em 100 rúpias (US$ 1,34 a dose).


Além disso, outros pontos na negociação são, no mínimo, curiosos. Enquanto os governadores do nordeste, incluindo Rui Costa, foram criticados por comprar a Sputinik V, sem que ela tivesse sido aprovada pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), o próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu a ordem da compra da Covaxin — também sem liberação do órgão oficial.


Enquanto as negociações de compras com a Pfizzer, por exemplo, duraram quase onze meses, em parte por conta de emails não respondidos pelo governo brasileiro, a negociação da Covaxin durou apenas três meses, o menor dentre todos os contratos. Além disso, uma das reclamações do Ministério acerca do imunizante da Pfizer era o preço, de US$10 a dose, que não se alterou durante a negociação. Já a indiana foi comprada a US$ 15, cerca de 1.000% mais cara do que nos primeiros contatos, quando seria de US$ 1,34.


Outra diferença é que, com as outras vacinas já compradas, o governo tratou de negociar diretamente com o fabricante, que seria a Barah Biotec, mas a Covaxin foi negociada por intermédio da Precisa Medicamentos. Ainda segundo o Estadão, em agosto, a empresa foi alvo do Ministério Público do Distrito Federal sob acusação de fraude na venda de testes rápidos para covid-19. Na ocasião, a cúpula da Secretaria de Saúde do governo do DF foi denunciada sob acusação de ter favorecido a empresa em um contrato de R$ 21 milhões.


CPI


Nesta terça-feira (22/6), um dos sócios da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, informou que não poderá comparecer a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. A defesa alega que o empresário desembarcou no Aeroporto de Guarulhos no último dia 15, vindo de uma viagem à Índia, o que o obrigaria a cumprir uma quarentena obrigatória de 14 dias.


Apesar de a convocação de Maximiano ter sido aprovada no último dia 16, e a data do depoimento ser conhecida desde a semana passada, o ofício foi enviado à CPI da Covid apenas nesta terça-feira (22/6).


LEIA MAIS: Sem "arraiá" da vacinação: aplicação das doses é novamente suspensa em Salvador e só deve ser retomada na sexta


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